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Pronatec Brasil Sem Miséria forma primeiros profissionais em Salvador

 

Maria das Graças Correia, de 48 anos, se emocionou. Jair Dias de Araújo, de 50, trouxe os dois filhos para compartilhar o momento. Maicon Rodrigo dos Santos, de 18, comemora o primeiro passo rumo ao mundo do trabalho. E Jair Vieira Oliveira, de 55, acredita que, agora, terá mais chances de sair do albergue Casa de Pernoite, onde vive há dois anos. Essas quatro pessoas, com histórias de vida diferentes, mas que têm em comum o perfil de baixa renda, fazem parte das duas primeiras turmas-piloto do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) voltadas ao público do Plano Brasil Sem Miséria.

Nesta quinta-feira (1º), eles e outros 30 alunos receberam certificados de conclusão de cursos de pintor de obras e de eletricista de instalação predial de baixa tensão. Ambas as turmas foram lançadas em setembro pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Vocês são os primeiros formandos de uma iniciativa que vai fazer muita diferença neste País”, comemorou a representante do Senai Nacional, Ana Maria Raposo.

Em 2011, o Pronatec Brasil Sem Miséria deverá oferecer 60 mil vagas para cursos em 161 municípios, incluindo as 27 capitais e as cidades com população superior a 100 mil habitantes que estejam integradas à rede do Sistema Nacional de Emprego (Sine). Até 2014, um milhão de pessoas serão qualificadas pelo programa.

A secretária extraordinária de Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ana Fonseca, destacou que a qualidade dos cursos oferecidos pelo Sistema S é um grande diferencial para essas pessoas. “Lembro a vocês que um pernambucano formado nesta instituição se tornou torneiro mecânico e, mais tarde, virou presidente da República, então lhes asseguro que vocês receberam uma formação que é da melhor qualidade”.

Ana Fonseca acrescentou ainda que a meta do MDS é que o certificado facilite o acesso ao mercado de trabalho. “Vocês são muito especiais, porque tiveram coragem de dar mais um passo. E agora vocês têm algo que já lhes dá vantagem: um diploma. Vocês serão um exemplo para o qual outras pessoas olharão no país inteiro”, disse aos alunos formandos.

Lágrimas – “Eu sempre tive, dentro de mim, o sonho de ser pedreira”, conta Maria das Graças Correia. Aos 48 anos, entretanto, ela nunca trabalhou na área. Quando soube do curso de pintor de obras oferecido pelo Senai, correu até o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Dendezeiros e fez a matrícula. Graça é beneficiária do Bolsa Família e completou o ensino médio. Com dois filhos, a única renda da família vem dos R$ 120 do beneficio e do salário mínimo que o marido recebe como auxiliar de serviços gerais.

Graça não faltou a nenhuma aula do curso de pintora. “Não só aprendi uma coisa que sempre quis, como fiz amizades”, conta. Emocionada, ela revela que o primeiro teste pós-curso será a pintura da própria casa. “Vai ser um orgulho muito grande olhar e dizer ‘fui eu que fiz’ e, depois, quem sabe, trabalhar com carteira assinada como pintora e fazer o curso que é o meu sonho: o de pedreira”.

Jair Dias de Araújo, 50 anos, trabalhava desde 1989 como eletricista, mas nunca havia feito um curso técnico na área. “Aprendi fazendo”, conta. No curso de eletricista de instalação predial de baixa tensão, aprendeu a calcular a tensão da rede, a escolher o disjuntor ideal. “Antes, como eu não sabia calcular, acabava exagerando no disjuntor e isso era um gasto desnecessário”, conta. Jair, que só estudou até o ensino médio, convidou os dois filhos – um já formado em História e outra que acaba de tentar o primeiro vestibular da Universidade Federal da Bahia (UFBa) para Engenharia Química – para acompanhar a entrega do certificado. “O que eu mais quero agora é conseguir um emprego formal”.

Outro Jair tem uma história de vida ainda mais sofrida. Gaúcho de nascimento, Jair Vieira Oliveira, 55 anos, deixou a família na terra natal e foi para Salvador tentar uma vida melhor. Mas encontrou uma enorme dificuldade de inserção no mercado formal para um pintor profissional com algumas experiências na carteira de trabalho. “Sem carteira assinada, a gente tem que trabalhar em empresas terceirizadas e leva muito calote”, conta. Foi num desses calotes que, há dois anos, ele se viu sem condições de continuar pagando aluguel e foi despejado.

Jair Oliveira morou por alguns dias nas ruas antes de procurar o albergue Casa de Pernoite do Largo de Roma, onde mora até hoje. Por meio do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), teve acesso ao curso de pintor predial do Senai. “Aprendi a fazer textura em parede, coisa que nunca soube fazer em 30 anos como pintor”, conta. Sua meta: um emprego que lhe permita sair do albergue e voltar a ter sua própria casa.

Caçula da turma de pintor predial, Maicon Rodrigo dos Santos Moreira, 18 anos, acaba de concluir o ensino médio. Foi fazer o curso do Pronatec para, quem sabe, conseguir um emprego e ajudar na renda familiar. Para ele, no entanto, isso é apenas o começo. “Meu sonho mesmo é fazer faculdade de Medicina. E um emprego formal é o que vai me ajudar a conseguir isso”, garante.

Valéria Feitoza // Ascom/MDS

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