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Curso técnico: acesso mais rápido ao mercado de trabalho?

Por Letícia Bechara*

Há poucos dias iniciou-se o processo de inscrições para o vestibular das ETECs no Estado de São Paulo. Mais de 60 mil vagas em todo o estado, distribuídas em mais de 100 cursos.

A proposta do curso técnico é dar uma oportunidade para que o aluno ingresse no mercado de trabalho de forma mais rápida, já que o curso tem duração de 18 meses, e uma formação mais técnica e específica.

O mercado brasileiro está aquecido e demanda profissionais de diferentes áreas. De acordo com os dados do governo, os alunos das ETECs após concluírem o curso, quase 70% deles já estão empregados. A curto prazo realmente garante um acesso rápido ao mercado de trabalho.

Vamos pensar um pouco no longo prazo. Para alunos que escolhem cursos de bacharelados hoje, com duração entre 4 e 5 anos, a entrada  no mercado de trabalho será  prorrogada. Provavelmente entre 20 e 21 anos, será o momento de começar as experiências profissionais com os estágios, e entre 22 e 23, ao final do curso, as experiências nos programas de trainee das empresas.

Em termos de remuneração, os trainees tem uma faixa salarial bem superior aos estágios e cursos técnicos, apresentam uma proposta de ampliação de conhecimento e visão geral da organização das empresas.  Os alunos que irão concorrer para essas vagas, também precisarão de um preparo melhor: para começar inglês fluente, domínio da língua portuguesa e conhecimentos gerais – capital cultural mesmo. Essa diferença coloca o aluno que entrou mais tarde no mercado de trabalho, a frente de todos aqueles que terminaram o curso técnico e estão exercendo as funções mais operacionais.

Para a maioria dos jovens brasileiros, terminar o Ensino Médio já é um enorme desafio, e muitos deles não poderão se dar ao luxo de fazer essa escolha, deverão entrar no mercado para batalhar por uma vaga e com a concorrência, deverão ser esforçar para conseguir o trabalho e se manter nele. Para eles, o Ensino Técnico é essa possibilidade de especialização e crescimento, porque a partir dessa experiência, poderão dar prosseguimento aos estudos, investir no curso superior e aumentar o conhecimento e possibilidades.

Diante dessa situação atual, qualificação profissional é o caminho de curto prazo que trará mais benefícios para as empresas e futuros empregados. Mas é preciso manter o olhar no futuro e incentivar o pensamento que ao longo da vida, o mais importante é desenvolver o senso da aprendizagem. Aprender não é apenas adquirir conhecimento técnico, significa aprender a se conhecer melhor, a se relacionar com pessoas e interagir em uma estrutura profissional que demanda postura e ética e não apenas conhecimento específico.

* Leticia Bechara é mestre em Educação e coordenadora do Vestibular e Relacionamento da Trevisan Escola de Negócios