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Câmara discute projeto sobre saúde do idoso

Texto e fotos: Ascom Câmara

Aconteceu na Câmara Municipal de Vitória da Conquista importante Audiência Pública pnde foram apresentados os resultados do Projeto de Intervenção Sobre a Saúde da Pessoa Idoso em Situação de Fragilidade Social no Município. A realização da audiência é fruto da iniciativa da Comissão de Saúde, composta pela vereadora Viviane Sampaio (PT) – presidente, Cícero Custódio (PSL) – relator e Adinilson Pereira (PSB) – membro.

Luís Rogério

Desmonte do SUS – Luís Rogério, enfermeiro e professor doutor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), contou que os docentes iniciaram uma caminhada junto com os estudantes de Enfermagem da UFBA, estes em práticas e campo de estágio foi constatado a situação de idosos. “Uma situação extremamente preocupante, uma vez que a população brasileira envelhece gradativamente, e isso aponta para a necessidade de termos políticas públicas de saúde capazes de atender as demandas sociais da população idosos”, afirmou. Segundo Luís Rogério, o processo de envelhecimento causa o desgaste natural, biológico, mas quando se associa isso a condições biológicas, mas quando se soma a isso condições precárias de vida a coisa se complica.” Não dá mais para nós enquanto academia não trazer essa discussão para os demais atores sociais, a academia tem que cumprir seu papel numa perspectiva de melhoria de vida”, completou. Foi destacado também a ameaça ao Sistema Único de Saúde. ” É o sistema mais importante já instituído no país do ponto de vista de saúde pública, e saúde coletiva. E se encontra ameaçado pelo atual governo federal, instituíram políticas públicas, dentre as quais uma congela por vinte anos os investimentos na saúde e educação”, afirmou. “Chamamos atenção enquanto academia para que tenhamos a capacidade de entender o risco de o SUS corre no Brasil e principalmente a situação de vulnerabilidade da política nacional de atenção ao idoso. Estamos caminhando para o caos na saúde, nesse modelo que está posto com uma lógica privatista da saúde”, frisou.

Marciglei Brito

Envelhecimento da população é desafio para políticas públicas – A estudante de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Marciglei Brito, apresentou os resultados do Projeto de Intervenção Sobre a Saúde da Pessoa Idoso em Situação de Fragilidade Social no Município. Ela lembrou que, pela legislação, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas. Segundo o estudo, com o envelhecimento da população os desafios para as instituições de saúde acirram: limitação no acesso aos serviços de saúde; frequentes internações hospitalares; e maior tempo de ocupação dos leitos. Para a pesquisa, foi realizada uma sondagem parta identificar idosos (as) em condições de fragilidade social em seis unidades da Estratégia Saúde da Família, tendo sido identificados 74 idosos (as) com o perfil da Síndrome do Idoso Frágil. Acesse a pesquisa aqui.

Ricardo Ferreira

O envelhecimento ainda é um tabu – Ricardo Ferreira, é bacharel em administração, pós-graduando e pesquisador na área de administração política. Para o administrador, a racionalidade instrumental, fruto da filosofia do século XVIII, gerou uma mentalidade comum, individualista, egoísta e fundamentou a ciência social e a organização da sociedade atual. “Isso traz para o campo das políticas públicas, em particular daquelas concernentes às pessoas idosas, um problema grave que nós precisamos resolve. Temos uma visão de organização da sociedade e utilidade dos seus membros produtivista, e o idoso não se encaixa nesse modelo, pelo menos nos modelos de economia liberal que nós temos”, problematizou. Ricardo contou que trabalho durante 6 anos no Abrigo Nosso Lar e percebeu alguns problemas relacionados ao tratamento dos idosos. ” O principal ponto é que as famílias que não conseguem suportar psicologicamente e moralmente algumas dificuldades relacionadas ao envelhecimento das pessoas, e esse é um tabu do processo educativo nosso, bem como o adoecimento e a morte, chegando ao ponto dessas pessoas pensarem em primeiro lugar, na institucionalização dos idosos”, contou. Outro problema, dos pontos de vista técnico, apontado pelo administrador, é a dificuldade de todos os entes que formam a sociedade se articularem para resolver este problema. ” Esse problema que não é de apenas um setor de forma estanque, é de todos”, destacou.

Rita Suzana

Violência contra o idoso é praticada pela própria família, na maior parte dos casos – A presidente do Sindicato de Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias (Sindacs), Rita Suzana, ressaltou o papel dos agentes comunitários na identificação de idosos em situação de vulnerabilidade. Segundo ela, o sindicato também atua na orientação de agentes que relatam situações envolvendo idosos. Ela afirmou que a fragilidade a que é submetida ao idoso está relacionada a muitas questões, uma delas são os benefícios. Suzana lamentou que, muitas vezes, o idoso é mantido em cárcere privado pela própria família, ou alguém que o tutelou, que se apropria do benefício. “Eu estou falando de situações que eu já me deparei”, disse.

Vanessa Severino

Atendimento deve ser multidisciplinar – A representante do Coordenação de Proteção Social, Vanessa Severino, afirmou que o idoso é uma prioridade da política de assistência social. Ela relatou que, infelizmente, a própria família é a responsável pela maior parte dos casos de violência contra o idoso. Segundo Vanessa, idosos em situação vulnerável devem ser atendidos de forma multidisciplinar e a intervenção é processual, vai desde a atuação do assistente social ao Ministério Público, toda uma rede de instituições de setores diferentes. Para ela, é importante que a sociedade, as famílias, reconheça que a pessoa idosa é capa de gerir a própria vida.

Monalisa Barros

O aumento da expectativa de vida é um avanço – Monalisa Barros, representante do Conselho de Saúde, acredita que o aumento de número de idosos deve ser visto como um avanço, e não como um problema. ” Essa população triplicará daqui 20 anos, e isso quer dizer que precisamos nos preparar para isso”, disse. Para Monalisa é preciso avançar em três pontos principais: 1) Educação – ” Precisamos transformar a ideia que as pessoas mais idosas, por estarem mais perto da morte, não precisam de atenção, para o reconhecimento de toda a contribuição que essas pessoas deram para a sociedade”; 2) Políticas Públicas de Saúde- “Em 90, a expectativa de vida não chegava aos 60 anos, e agora estamos chegando aos 80. É claro que junto com esse envelhecimento vem problemas de saúde, mas queremos envelhecer, então é preciso garantir qualidade para esses anos a mais de vida. 3) Acessibilidade – “As ruas da cidade ainda não estão preparadas para os cadeirantes, pessoas que precisam de muletas. O espaço público precisa ser construído para as pessoas se locomoverem, independente da idade e condição física. Precisamos garantir uma cidade preparada para o nosso envelhecimento.

Geovanna Novato

Vitória da Conquista possui teto para 170 equipes de saúde da família, mas só possui 44 – Geovanna Novato, que representou a secretária de Saúde, Ceres Almeida, parabenizou os responsáveis pela pesquisa apresentada. Para ela, os resultados devem ser replicados porque vão ajudar a entender o que está acontecendo com os idosos. Para ela, as estratégias de saúde da família estão descaracterizadas pelo número grande de cobertura que fazem. Segundo Novato, as estratégias nasceram com uma função, o que foi se descaracterizando. Geovanna afirmou que Conquista possui teto para 170 equipes de saúde da família, mas só possui 44. Ela atribui esse deficit ao crescimento desordenado e espera que “consiga ser feito algumas alterações e que a gente possa tá mais perto de toda essa problemática”.

Fabiana Neves

A assistente social, Fabiana Neves, destacou a importância do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e lamentou que muitos desconhecem essa função. Ela explicou que a equipe do CRAS onde atua, na região do bairro Nossa Senhora Aparecida, identifica idosos em situação de vulnerabilidade social e articulam soluções. Neves pediu que o CRAS seja considerado um parceiro no atendimento aos idosos em tal situação evitando que se chegue a uma situação mais radical, de direitos violados. “Procure o CRAS primeiro para que a gente fortaleça esses vínculos com essas famílias”, falou.

Maria do Carmo

A agente comunitária de saúde, Maria do Carmo, contou sobre as situações do dia a dia de vulnerabilidade social dos idosos. Para ela, o sistema ainda é pequeno e não acompanha o aumento populacional da cidade. ” Nossa equipe da saúde da família por exemplo, atende cerca de 11 mil pessoas por unidade, com apenas um médico, 4 técnicos de enfermagem, e com poucos agentes comunitários”, contou. ” Fazemos o que podemos, mas a oferta de serviço não acompanha essa demanda crescente. E, por muitas vezes esses idosos disputam as vagas de atendimento com os jovens”, relatou. Para Maria do Carmo é preciso reorganizar o Programa Saúde da Família e contratar mais profissionais para atender essa demanda dos idosos.

Aline Maciel

Aline Maciel, coordenadora da proteção social básica, afirmou que o funcionamento do CRAS precisa ser cada vez mais explicitado, para que seja bem utilizado e possam ser articuladas ações para a promoção da saúde. Aline pediu o acesso dos dados apresentados pelos estudantes de enfermagem, para que a coordenação da saúde especial e básica posam juntas verificar os aspectos que possam trabalhar conjuntamente para colaborar de maneira mais ampla nesse trabalho da saúde.