Receber, reabilitar e devolver à natureza os animais silvestres oriundos de tráfico, de resgates ou até mesmo de entregas voluntárias. Esse é o papel do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), localizado na Serra do Periperi, em Vitória da Conquista. Atualmente, este é o único dos três Centros da Bahia aberto para recebimento de animais, além de ser um dos poucos do Brasil mantidos por uma Prefeitura.

Somente no ano passado, 4.873 animais deram entrada no Cetas. Quando eles chegam, são identificados e alojados em recintos adequados. Então, recebem alimentação e cuidados médicos-veterinários. Sua recuperação é monitorada e avaliada dia a dia. Quando estão completamente reabilitados, em regra, são devolvidos à natureza.

Para isso, o Cetas possui o cadastro de algumas propriedades na região, aptas a receber os bichinhos. No momento da soltura, é avaliado o ambiente adequado para cada espécie. Por receber animais até mesmo de outros estados, a equipe do Cetas já precisou viajar para bem longe, para devolvê-los. Mato Grosso do Sul, São Paulo e Alagoas são alguns dos estados que tiveram de volta bichinhos cuidados pelo Cetas de Conquista.

 

 

“Temos em torno de mais de 73% de devolução à natureza. O óbito está em torno de 17%, fora a taxa de transferência para outros locais. É um dado que pode até impactar, quando a gente fala em 17% de óbito, mas a legislação ambiental aceita óbitos em até 50% como o reflexo de uma boa recuperação”, explica o coordenador e veterinário do Cetas, Aderbal Azevedo.

Há ainda um pequeno número de aves que podem ser destinadas a criadouros comerciais. O veterinário explica que são animais criados em meio à presença humana desde filhotes. Vivendo em cativeiros ou atrelados a poleiros, não desenvolvem a habilidade de voos longos, o que lhes impediria de buscar alimentos ou propagar espécies de vegetação ao fazer o transporte de sementes, por exemplo.

Por isso, quando essas aves não conseguem se reabilitar, é melhor para elas e para a natureza que continuem sob cuidados humanos. Mas tudo isso feito por meio de criadouros credenciados por órgãos ambientais, que permitem a compra de animais de forma legal. Dessa forma, evita-se o impacto no controle biológico da natureza.

 

 

Sobre isso, o veterinário explica o prejuízo que é tirar um papagaio do seu habitat natural de forma irregular. Para isso, ele conta que um papagaio vive mais de 60 anos e produz cerca de três filhotes por ano. Seus filhotes também deixarão três filhotes na natureza, e assim por diante, criando uma progressão. “A gente está retirando de 1.600 a 2 mil papagaios, quando se retira um só”, afirma.

 

 

Ao se levar para casa um animal silvestre de forma ilegal, o prejuízo pode não existir somente ao meio ambiente, mas também para a pessoa que comete esse ato. Isso por conta das zoonoses, doenças existentes nos animais que podem ser transmitidas aos seres humanos. Ao se adquirir o bichinho de forma irregular, não há como saber se ele está saudável, colocando em risco todas as pessoas que irão conviver com ele.

 

 

Por isso, Aderbal faz um apelo para que toda a população ajude na missão do Cetas: “Para que a gente não fique sozinho nessa tarefa, todos podem participar disso, adquirir uma consciência ambiental e não consumir caça, por exemplo.” E completa: “A gente não tem consciência de que cada espécie tem um papel importante na natureza, nada está aqui por acaso.”

Se você cria um animal silvestre de forma irregular, ou conhece quem faz isso, informe ao Cetas. A equipe irá buscar o bichinho e dar a ele os cuidados que ele merece. É só ligar para (77) 3423-2247 ou enviar um e-mail para cetasvca@yahoo.com.br.