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Bahia tem o maior número de pessoas extremamente pobres do Brasil: IBGE

Imagem Sindicato dos Bancários da Bahia


Apesar de leve redução, Bahia tem o 2
o maior número de pessoas pobres e o maior número de extremamente pobres do Brasil

** Em 2019, 4 em cada 10 moradores do estado (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária (renda domiciliar per capita menor que R$ 428) e pouco mais de 1 em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza (renda domiciliar per capita menor que R$ 148);

** Essas proporções praticamente não se alteraram desde 2016 e davam à Bahia, no ano passado, o 2o maior número absoluto de pobres (6,006 milhões de pessoas) e o maior número de extremamente pobres do país (1,853 milhão);

** Entre as capitais, Salvador estava um pouco mais bem posicionada. Com a 4a maior população em geral, tinha, em 2019, o 5o maior número absoluto de pessoas abaixo da linha de pobreza monetária: 611 mil, ou 21,3% da população;

** Entretanto, de 2018 para 2019, o número de extremamente pobres teve discreto aumento em Salvador, de 124 mil para 140 mil pessoas (4,9% da população);

** Na Bahia, 6 em cada 10 pessoas abaixo da linha de pobreza vivem em domicílios com alguma restrição no acesso a saneamento básico; 4 em cada 10 têm restrição no acesso à educação; e 3 em cada 10 vivem em residências sem nenhum tipo de acesso à Internet;

** Informalidade no mercado de trabalho em Salvador bateu novo recorde em 2019, atingindo 42,4% da população ocupada, ou 651 mil pessoas;

** Na Bahia, em 2019, 43,6% das pessoas desocupadas estavam há mais de um ano procurando trabalho e 29,9%, há mais de dois anos, maiores proporções desde 2012;

** Esses são alguns destaques da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2020. A partir de informações do IBGE, sobretudo da PNAD Contínua, e de outras instituições confiáveis, a SIS aborda as desigualdades no mercado de trabalho, traz informações sobre distribuição de renda, situação de pobreza e sobre a educação no país.

Em 2019, o número de pessoas vivendo abaixo das linhas de pobreza e de extrema pobreza monetárias na Bahia seguiu em movimento descendente pelo segundo ano consecutivo, caindo ligeiramente frente a 2018. Isso não foi suficiente, porém, para alterar de forma significativa a incidência de pobreza no estado. 

No ano passado, 4 em cada 10 moradores da Bahia (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária e pouco mais de 1 em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza. Essas proporções praticamente não se alteraram desde 2016 e davam ao estado o segundo maior número absoluto de pobres (6,006 milhões de pessoas) e o maior de extremamente pobres do país (1,853 milhão).

Além de terem de sobreviver com um rendimento domiciliar per capita muito baixo, quem vive abaixo da linha de pobreza está muito mais sujeito que a população em geral a enfrentar restrições importantes, sobretudo no que diz respeito aos serviços de saneamento básico, à educação e ao acesso à Internet.

O Brasil não tem uma linha oficial de pobreza. Considerando o critério definido pelo Banco Mundial para países de renda média, adotado no acompanhamento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ela é de US$ 5,50 por dia em paridade de poder de compra (PPC). 

Em 2019, essa linha de pobreza monetária correspondia a um rendimento médio domiciliar per capita mensal de R$ 428 na Bahia e em Salvador. Viviam com menos que isso 6,006 milhões de baianos, 40,4% da população do estado, e 611 mil soteropolitanos, 21,3% dos moradores da capital.

Ambos os indicadores apresentaram leve melhora frente a 2018, a segunda consecutiva. Em um ano o número de pobres na Bahia caiu 5,3%, o que representou menos 336 mil pessoas nessa condição. Em Salvador, a redução foi de 4,1%, ou menos 26 mil pessoas abaixo da linha de pobreza monetária. 

Ainda assim, em 2019, a Bahia, apesar de ser o 4o estado em população, tinha o 2o maior número absoluto de pobres do país (6,006 milhões), muito perto do verificado em São Paulo (6,017 milhões), que liderava. 

Em termos percentuais (40,4%), a Bahia ficava na 11a posição entre os estados – caindo 4 posições no ranking, já que havia sido 7o em 2018. Maranhão (52,2%), Amazonas (47,4%) e Alagoas (47,2%) tinham os maiores percentuais de população abaixo da linha de pobreza em 2019. No outro oposto, Santa Catarina (7,5%), Rio Grande do Sul (11,1%) e Distrito Federal (11,2%) tinham as menores proporções. 

Entre as capitais, Salvador estava um pouco mais bem posicionada. Com a 4a maior população em geral, tinha, em 2019, o 5o maior número de pessoas abaixo da linha da pobreza em termos absolutos (611 mil pessoas), perdendo um lugar nesse ranking em relação a 2018, superada por Fortaleza (625 mil pobres). 

Em termos percentuais (21,3%), Salvador manteve a 15a maior proporção de pessoas abaixo da linha de pobreza entre as capitais. Macapá/AP (36,3%), Manaus/AM (35,8%) e Boa Vista/RR (34,2%) lideravam, enquanto Florianópolis/SC (4,9%), Curitiba/PR (6,8%) e Porto Alegre/RS (9,0%) tinham as menores proporções.

Apesar do segundo recuo seguido, tanto a Bahia quanto Salvador ainda tinham, em 2019, bem mais pobres, em número absolutos e percentuais, do que em 2014, ano em que a pobreza chegou a seu mais baixo patamar tanto no estado (37,5% da população, ou 5,446 milhões e pessoas) quanto na capital (13,6% ou 379 mil pessoas). 

No Brasil como um todo, em 2019, 51,7 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza monetária do Banco Mundial (renda domiciliar per capita mensal menor que R$ 436). Isso representava 24,7% da população do país. Também houve uma discreta redução nesse grupo em relação a 2018, quando 25,3% dos brasileiros estavam abaixo da linha de pobreza (52,5 milhões de pessoas).

Em 2019, extrema pobreza tem leve aumento em Salvador; e Bahia manteve o maior número de extremamente pobres do país (1,853 milhão)

A extrema pobreza também teve recuo discreto na Bahia, entre 2018 e 2019, o segundo consecutivo. Em Salvador, porém, o movimento foi inverso: houve um leve aumento no número de pessoas extremamente pobres e de sua participação na população em geral.

O valor de US$ 1,90 diário per capita em paridade de poder de compra (PPC) é o limite para a definição de extrema pobreza global, como explicitado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1.1 e na missão institucional do Banco Mundial. Na Bahia e em Salvador, essa linha equivalia, em 2019, a uma renda domiciliar per capita média de R$ 148 por mês.

No estado, 1,853 milhão de pessoas viviam com menos que isso, o que correspondia a 12,5% da população. Houve uma redução de 3,2% nesse grupo em relação a 2018, o que representou menos 62 mil pessoas em pobreza extrema. Mesmo assim a Bahia manteve, no ano passado, o maior número de extremamente pobres do país, posto que o estado ocupa desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Ficou ainda com o 8o maior percentual (12,5%).

Maranhão (20,4%), Acre (16,1%) e Alagoas (15,0%) lideravam na proporção de extremamente pobres, enquanto Santa Catarina (1,5%), Distrito Federal (1,7%) e Rio Grande do Sul (2,2%) tinham as menores percentagens. 

A proporção de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza na Bahia é praticamente o dobro da nacional. No Brasil como um todo em 2019, 6,5% da população (13,7 milhões de pessoas) viviam com renda domiciliar per capita inferior a R$ 151 (valor da linha nacional). A proporção de extremamente pobres no país não se alterou em relação a 2018, quando 13,5 milhões de brasileiros estavam nessa condição.

Em Salvador, o número e a proporção de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza também não diminuiu em 2019. Ao contrário: mostrou discreto aumento, passando de 124 mil para 140 mil (+12,9%), o que representou mais 16 mil pessoas nessa condição, em um ano. Das 26 capitais, 10 mostraram avanços na proporção de extremamente pobres entre 2018 e 2019. 

Com esse movimento, Salvador subiu no ranking de extrema pobreza entre as capitais. De 2018 para 2019, passou da 5a à 4a posição em números absolutos (140 mil) e da 14a à 9a posição em proporção de extremamente pobres na população (4,9%). Boa Vista/RR (8,6%), Manaus/AM (8,3%) e Rio Branco (8,0%) lideravam, enquanto Florianópolis/SC (1,2%), Cuiabá/MT, Goiânia/GO e Curitiba/PR (cada uma com 1,5%) tinham as menores percentagens.  

Na Bahia, 6 em cada 10 pobres tinham restrição no acesso a saneamento; 4 em cada 10, no acesso à educação; e 3 em cada 10 no acesso à Internet

De uma forma geral, a Bahia tem maiores proporções da população morando em domicílios com algum tipo de restrição no acesso a serviços que contribuem para melhores condições de vida do que o Brasil como um todo. E entre os que estão abaixo da linha de pobreza, a incidência dessas restrições aumenta ainda mais.

A restrição mais frequente para toda a população da Bahia é no acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico (rede de água, coleta de esgoto e coleta de lixo), que atinge quase metade da população total do estado (47,3% dos moradores). Entre os pobres, essa proporção sobe para pouco mais de 6 em cada 10 pessoas (63,0%) que vivem em domicílios não atendidos por pelo menos um dos serviços.

A segunda restrição mais frequente para a população baiana em geral era no acesso à educação, que atingia 1 em cada 3 pessoas no estado (33,3%). Esse percentual chegava mais perto de 4 em cada 10 entre as pessoas abaixo da linha de pobreza (36,4% tinha restrição à educação). 

A terceira restrição mais comum na Bahia era no acesso à Internet, que afetava 22,5% da população e aumentava para quase 3 em cada 10 pessoas consideradas pobres (29,5% viviam em domicílios sem nenhum tipo de acesso à Rede).

Informalidade no mercado de trabalho em Salvador bateu novo recorde em 2019, atingindo 42,4% das pessoas ocupadas (651 mil)

Em 2019, a informalidade no mercado de trabalho seguiu em alta pelo quinto ano consecutivo em Salvador (cresce desde 2015) e bateu um novo recorde. No ano passado, 42,4% das pessoas de 14 anos ou mais de idade que trabalhavam na capital baiana eram informais, o que representava 651 mil trabalhadores nessa situação. 

O número de informais em Salvador cresceu 5,4% em relação a 2018, quando somava 587 mil pessoas (40,3% da população ocupada), até então o maior patamar da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Isso representou mais 64 mil trabalhadores informais em um ano.

Com esse avanço, Salvador subiu um pouco no ranking da informalidade entre as capitais brasileiras, passando da 11a mais alta, em 2018, para a 8a em 2019. Macapá/AP (56,4%), Belém/PA (55,9%) e Boa Vista/RR (50,2%) lideravam nesse indicador. No outro extremo, Florianópolis/SC (26,9%), Belo Horizonte/MG (30,8%) e Porto Alegre/RS (30,9%) tinham as menores proporções. 

São considerados informais os empregados sem carteira assinada (incluindo os domésticos), os trabalhadores por conta própria ou empregadores que não contribuíam para a Previdência e os trabalhadores familiares auxiliares. 

Embora tenha aumentado, a informalidade do mercado de trabalho soteropolitano ainda era, em 2019, menor do que na Bahia como um todo. No estado a proporção de trabalhadores informais se manteve praticamente a mesma entre 2018 (56,7%) e 2019 (56,6%), num patamar bastante significativo, atingindo 3,4 milhões de pessoas. 

No ano passado 4 em cada 10 trabalhadores no Brasil como um todo (41,6% ou 39,3 milhões de pessoas) eram informais, uma proporção que também pouco variou em relação ao ano anterior (era de 41,5% em 2018).

A informalidade se mostra decisiva para a desigualdade salarial. Em Salvador, os trabalhadores informais recebiam, em média, por mês, R$ 1.559, quase metade (-48,5%) do que os trabalhadores formais (R$ 3.025). Na Bahia como um todo, a diferença era ainda maior: quem estava na informalidade, em 2019, recebia, em média, R$ 936, abaixo do salário mínimo do ano (R$ 998) e quase 60% menos (-58,5%) do que recebia quem era formalizado (R$ 2.254). 

Na Bahia, em 2019, 43,6% das pessoas desocupadas estavam há mais de um ano procurando trabalho, maior proporção desde 2012

Além de uma alta informalidade, o mercado de trabalho baiano ainda lidava, em 2019, com um significativo índice de desocupação duradoura (pessoas que estão procurando trabalho há pelo menos um ano) e o crescimento do trabalho intermitente. 

No ano passado, 4 em cada 10 pessoas desocupadas na Bahia (43,6% dos que não estavam trabalhando e procuraram trabalho) estavam em busca de emprego havia mais de um ano. Eram 498 mil pessoas nessa situação, e a grande maioria delas (342 mil) estava procurando trabalho por pelo menos dois anos, o que representava 29,9% do total de desocupados no estado. 

O percentual de desocupados há pelo menos um ano na Bahia vem se mantendo em torno dos 40% desde 2016, mostrando leves aumentos anuais e atingindo seu maior patamar em 2019 (repetindo o percentual de 2018, 43,6%). Já a parcela dos que estão na busca infrutífera por trabalho há pelo menos dois anos teve um leve aumento entre 2018 (28,7%) e 2019 (29,9%), no estado, também chegando ao patamar mais elevado da série histórica, iniciada em 2012.

No Brasil como um todo, em 2019, 42,5% dos desocupados procuravam trabalho por pelo menos um ano (5,3 milhões de pessoas), sendo que 3,4 milhões (27,5% do total de desocupados) estavam na fila por emprego havia mais de dois anos. 

Por sua vez, na geração de empregos com carteira assinada, a importância do contrato de trabalho intermitente cresceu entre 2018 e 2019, embora ainda represente uma fatia muito pequena do total. A modalidade foi instituída em 2017 e prevê a prestação de serviço não contínua, inclusive com períodos de inatividade. 

De 2018 para 2019, o número de admissões de empregados com carteira assinada por contrato intermitente na Bahia dobrou, de 2.763 para 5.710 (+106,7%). A participação desse tipo de contratação no total do estado, ainda que bem baixa, passou de 0,46% do total em 2018 para 0,90% em 2019. No Brasil como um todo, em 2018, cerca de 71 mil contratações ocorreram pela forma intermitente, representando 0,5% das admissões com carteira assinada. Em 2019, foram cerca de 155 mil contratações (+118,3%), ou 1,0% das admissões.

Na Bahia, 1 em cada 10 vagas no saldo final de empregos gerados com carteira assinada em 2019 foram por contrato intermitente: 10,7% ou 3.315 de um total de 30.858 vagas criadas. Em todo o país, cerca de 85 mil novos postos gerados foram na modalidade intermitente, o que representou 13,3% do saldo positivo de empregos com carteira assinada. 

Os dados, organizados pelo IBGE, são do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.