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Oposição defende audiência na Câmara com PM que acusa Orlando Silva

Após ouvirem o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias na Liderança do PSDB no Senado, parlamentares da oposição seguiram para o plenário onde o ministro do Esporte, Orlando Silva, falava na Câmara para defenderem com veemência a realização de audiência pública com o PM.  ”As afirmações dele são de uma tal convicção e de uma tal extensão na linha do tempo – com nomes, testemunhas e provas materiais a serem apresentadas no tempo devido – que tornam a providência imprescindível”, disse o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Parlamentares do PSDB, DEM, PPS e Psol receberam o PM (na foto de casaco bege) durante uma hora e meia na Liderança do PSDB no Senado para um depoimento classificado de “estarrecedor” pelo líder do Democratas, ACM Neto (BA). Diante do palanque montado pela base aliada nesta terça-feira para ouvir o comunista na Câmara e da gravidade das acusações contra o ministro, foram apresentados requerimentos nas comissões de Fiscalização Financeira e na de Turismo e Desporto para ouvir o delator do suposto esquema de corrupção montado no Esporte sob as ordens de Orlando Silva.  De acordo com Nogueira, João Dias se colocou à disposição para falar já na quinta-feira pela manhã. As lideranças da oposição se recusaram a fazer perguntas ao ministro antes da realização desta audiência pública com o PM.

Aliados desprezam ameaças de morte– Nogueira destacou a importância do depoimento diante da gravidade das denúncias e num momento em que o Ministério do Esporte comanda a organização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. “Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil e o ministério, e pelo o que ouvimos e pela força do equilíbrio e da transparência é importante que a sociedade possa tomar conhecimento do que tem a dizer o PM”, reiterou o líder.

Para o tucano, o próprio ministro deve ser o maior interessado em esclarecer os fatos. Diante de Orlando Silva, Nogueira voltou a cobrar o afastamento dele do ministério durante as investigações das denúncias “gravíssimas” que pesam contra  o integrante do PCdoB e do seu partido. O deputado também criticou a forma jocosa com a qual integrantes da base aliada trataram a informação de que o delator está sofrendo ameaças de morte. O líder e o deputado Fernando Francischini (PR) pediram à Polícia Federal proteção especial ao policial.

O líder da Minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (MG), ressaltou que a oposição não pode se furtar a ouvir uma pessoa que tem acusações contra um ministro de Estado. “Estamos aqui torcendo para que tudo fique esclarecido pelo ministro do Esporte tendo em vista não só a sua pessoa, mas o momento especial de véspera de Copa do Mundo que vivemos e pedindo a vinda desse senhor nesta comissão para que coloque que deve ser de conhecimento de toda a nação brasileira”, declarou.

Depoimento insuficiente – Na audiência, o ministro se recusou a assinar documento entregue pelo deputado Vaz de Lima (SP) indicando aos líderes partidários que apoiassem a abertura de CPI. Para os tucanos que compareceram à reunião, as declarações não foram suficientes, reforçando a necessidade de debate com o policial militar.

“Houve verdadeira blindagem e os integrantes da base ofereceram grande proteção ao ministro. O importante agora é ouvirmos o outro lado”, alertou Vanderlei Macris (SP). A opinião é compartilhada por Ricardo Tripoli (SP), para quem “só com o depoimento e as provas de Dias começaremos a aprimorar as diligências para que o fato seja apurado”.

Denúncia – Em reportagem publicada pela “Veja” desta semana, João Dias apontou o comunista como mentor de esquema de desvio de verba por meio de convênios com ONGs. O outro delator da fraude, Célio Soares Pereira, disse ter entregue dinheiro a Orlando Silva e ao motorista dele. Conforme a reportagem, as ONGs recebiam dinheiro mediante o pagamento de taxa “previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios”. Calcula-se prejuízo de R$ 40 milhões nos últimos oito anos aos cofres da União.

(Da redação/ Foto:  Luiz Alves – Agência Senado/ Áudio: Elyvio Blower)