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Petrobras financia fornecedores

Almir Guilherme Barbassa: ‘Fornecedor só vai ao banco duas vezes para assinar o contrato’

Uma parceria firmada entre a Petrobras e os seis maiores bancos de varejo do Brasil (Banco do Brasil, HSBC, Santander, Itaú, Caixa e Bradesco) tem facilitado os financiamentos para a cadeia de fornecedores da companhia. Por meio do Progredir, foram realizadas, desde julho deste ano, 197 operações de financiamentos, responsáveis por movimentar R$ 831 milhões. Até novembro, 18 empresas instaladas no Estado captaram R$ 270 milhões.

 

As movimentações financeiras não envolvem recursos da Petrobras. No entanto, o contrato “trava” o pagamento dos projetos no banco escolhido pelo fornecedor. Caso a empresa que contratou o financiamento fique inadimplente, o banco pode usar o depósito da Petrobras para quitar a dívida.

 

“A Petrobras nunca deixou de honrar um pagamento a empresas que tenham cumprido o contrato. Isso minimiza os riscos para os bancos”, afirmou o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da companhia, Almir Guilherme Barbassa.

 

O “travamento” do contrato e o histórico de honrar compromissos da Petrobras reduzem o risco do financiamento. Dessa forma, de acordo com o gerente-geral de Gestão Financeira de Projetos Especiais da Petrobras, Roberto Alfradique, as taxas cobradas pelos financiamentos chegam a ser 40% inferiores às praticadas pelo mercado.

 

Embora os representantes dos bancos não tenham informado um valor de referência máximo ou mínimo para as taxas, a superintendente Regional da Caixa, Eugênia Regina de Melo, afirmou que os contratos fechados pelo banco por meio do Progredir têm, em média, taxas 30% menores do que as praticadas por outros tipos de financiamento.

 

O fornecedor interessado em participar do programa deve possuir contrato de fornecimento de bens ou serviços com a Petrobras. A partir de um cadastro no site do programa, os seis bancos recebem as informações do contrato. Todos fazem propostas de taxas e prazos de acordo com o cliente. “O fornecedor só vai ao banco duas vezes para assinar o contrato. Todas as outras etapas são realizadas pela internet”, explica Barbassa.

 

Entre as informações prestadas pelo fornecedor no contrato, ele deve indicar três subfornecedores. Estes, automaticamente são convidados a participar do programa. Conforme Alfradique, dessa forma as pequenas, médias e microempresas são beneficiadas a partir da indicação.

 

O diretor Financeiro e Adminsitrativo da Powerlogic, Jésus Moura, aderiu ao programa para atender a um contrato de prestação de serviços de fábrica de software para a Petrobras. O montante contratado pela empresa foi de aproximadamente R$ 1,2 milhão. O prazo para pagamento será de 24 meses. As taxas, segundo Moura, foram 25% menores do que o negociado no mercado. O tempo necessário para a liberação do dinheiro também foi aprovado por Moura. “Todo o processo demorou cerca de sete dias”, comentou.

 

Além de beneficiar os fornecedores, a Petrobras tem a garantia de que os equipamentos, serviços e embarcações demandadas no longo prazo serão atendidos. Segundo levantamento da própria companhia, até 2020 serão necessárias 65 sondas de perfuração, 568 embarcações de apoio, 94 plataformas de produção e 83 jaquetas (estrutura de aço submersa) e plataformas TLWP, estrutura em que o petróleo fica menos tempo submerso e vai direto para a plataforma. Em dezembro de 2010, o Brasil possuía 15 sondas, 287 barcos de apoio, 44 plataformas de produção e 78 jaquetas e plataformas TLWP. “Cada unidade produzida move uma enorme malha de fornecedores e subfornecedores”, afirmou o diretor Financeiro e de RI da Petrobras.

 

Devido à necessidade de conteúdo nacional (em alguns blocos de exploração a exigência chega a 70%), a falta de financiamento adequado agia como entrave à exploração de petróleo, ao lado da baixa qualificação de mão de obra e da tecnologia disponível. “O Progredir pode alavancar o restante do tripé”, disse Barbassa.