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A Páscoa Cristã


 

                                                                                               Pr. Antônio Sergio A. Costa

     “Escolhei, e tomai cordeiros segundo as vossas famílias, e sacrificai a Páscoa” (Êxodo 12.21).

      “Porque Cristo, a nossa páscoa já foi sacrificado” (1 Coríntios 5.7).

Sua origem é tão antiga quanto à história do povo de Deus e remonta a “saída” (heb. “pesah”) do Egito sob a liderança de Moisés, o legislador e libertador dos hebreus. Historicamente, a páscoa judaica relaciona-se com a décima praga que culminou com a morte dos primogênitos e a saída rápida do Egito (Êxodo 12:1-58). O sangue posto nas portas simbolizaria o sinal e a garantia de que Deus pouparia os hebreus da morte no Egito. O substantivo “pesah” (pessar) é derivado do verbo ‘pãsah’, que significa “passar por cima”, no sentido de “poupar” (Ex. 12.12-13). A páscoa é associada com a festa dos pães asmos (hag hammmassôt), quando toda levedura (fermento) deveria ser terminantemente excluída das mesas dos hebreus (Ex. 12.7). Assim, no entardecer do dia 14 de Nisã (Abibe/Abril), “os cordeiros da páscoa eram mortos e, depois de assados, comidos com pães asmos e ervas amargas” (Êxodo 12.8), o que relembrava a saída rápida e a amarga escravidão no Egito. Nos tempos do Antigo Testamento, infelizmente, os hebreus negligenciaram frequentemente a observância da Páscoa. E, como conseqüência, depois do evento pascoal celebrado no monte Sinai (Números 9.1-14), sob a liderança de Moisés e Arão, nenhuma outra Páscoa ocorreu, a não ser após a entrada na terra da promessa, ou seja, Canaã (Josué 5.10). Os reis reformadores Ezequias (2 Crônicas 30.1 ss) e Josias (2 Reis 23.21-23; 2 Crônicas 35), deram atenção à observância da Páscoa. Depois da dedicação do segundo Templo, foi celebrada uma Páscoa notável e cheia de alegria pelos hebreus (cf., Esdras 6.19-22). A experiência Páscoa devia ser repetida a cada ano, como forma de fixar na memória o grande evento libertador do povo de Deus; e, principalmente como forma de instrução às novas gerações, que precisariam conhecer o amor de Deus para com Israel (Ex. 12.24-27). Esta é a origem da páscoa cristã, ou seja, suas raízes históricas, bíblicas e teológicas. Assim, para os cristãos, a Páscoa é o dia e a época de cada ano quando a Igreja comemora a ressurreição de Jesus Cristo. Trata-se, portanto, de uma das celebrações mais importantes do cristianismo. Sendo a mais antiga das Festas móveis (Êxodo 12.12-28), sua data determina a maioria dos eventos no calendário da liturgia cristã.

 Mas, o que a páscoa representa para a igreja cristã? E, principalmente para os cristãos dos dias atuais? 

 João batista, o precursor do Messias, ao ver o Cristo, afirmou: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29; 33). A morte de Jesus Cristo na época da páscoa judaica era considerada pela igreja antiga muito importante. Paulo, apóstolo aos gentios, afirma que “Cristo, a nossa páscoa, já foi sacrificado” (1 Coríntios 5.7), o que deixa claro a vinculação de seu sacrifício no calvário com a Páscoa judaica, nos termos do que Moisés ordenara aos anciãos de Israel: “Escolhei, e tomai cordeiros segundo as vossas famílias, esacrificai a Páscoa” (Êxodo 12.21). Este ato de cada família hebréia vinculava-as ao plano redentor de Deus e, desse modo, ao próprio Deus. Uma das questões debatidas ao longo dos séculos tem sido a data da celebração da páscoa. O Concílio de Nicéia (325 a.D) adotou o domingo de cada ano logo depois da lua cheia, após o equinócio da primavera (21 de março). E, numa tentativa de resgatar a unidade da Igreja, o segundo domingo de abril, tem sido adotado pelas Igrejas cristãs em todo o mundo, como forma conciliadora desta unidade. Na realidade, o que realmente importa é saber que Jesus Cristo, “o cordeiro pascal” (João 1.29; 33). foi sacrificado para a salvação de toda a humanidade (João 3.16). E, assim, todo o que nele crê será salvo eternamente, pois o seu sacrifício é suficiente para salvar e reconciliar com Deus todo o pecador que se arrepende e crer (João 3.16,17; Rom. 3.23; 6.23). Logo, tem razão o apóstolo Paulo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1).

Enfim, qual o aspecto mais importante para os cristãos hoje? Certamente, relembrar o amor de Deus revelado no sacrifício pascoal de Jesus Cristo e do qual a Ceia é uma lembrança permanente (1 Coríntios 11.23). Vital, pois para a Igreja e para todos quantos crêem. Vital, igualmente, na vida de cada pessoa e de cada família cristã. A Ceia é, sobretudo, uma lembrança do sacrifício do Cristo. Este é o real sentido da Páscoa: Deus em Cristo, incluindo-nos em sua família. A comunhão à mesa relembra a comunhão com o Messias, o redentor de Israel e da humanidade que chama os pecadores ao arrependimento e a fé; logo, para a família de Deus. Este amor incomparável chegou ao seu clímax na sua auto-identificação com o pecado do mundo no Calvário. Assim, os cristãos têm comunhão com Jesus Cristo, o cordeiro sacrificado e ressurreto por meio da lembrança de sua morte (1 Co 15.1-8). A Ceia do Senhor (Mateus 26.17-19; 26-30; 1 Co 11.23-30), é, a um só tempo: recordação do sacrifício, celebração da fé e da fraternidade que vincula a Igreja com o futuro e a glória de Cristo. Tal confiança vincula os cristãos ao seu reino que já é, mas ainda será, conforme ensina o Senhor Jesus: “E digo-vos, desta hora em diante, não beberei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai” (Mateus 26.29). “Ora, vem, Senhor Jesus!”. Amém. Jesus Cristo, o nosso cordeiro pascal, já foi sacrificado. Amem. Feliz pascoa amados irmãos e todo o povo de Deus!

 

Feliz Páscoa!

Pr. Antonio Sérgio A. Costa, Th.D

Igreja Batista Bethléem