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19 de abril é Dia do Índio

Dia 19 de abril é Dia do Índio, e se você já está quebrando a cabeça pra pensar como vai fazer aquele trabalho sobre o assunto, que tal mergulhar mais fundo na cultura desse povo? O risco de acabar se apaixonando é grande. Basta olhar as imensas diferenças entre a cultura deles e a nossa com bastante respeito e zero de preconceito. Pronta para começar?

Por Rita Trevisan e Giovana Pessoa Ilustração: Leonardo Conceição

Todo mês de abril é a mesma coisa: na escola, nos programas de TV, na internet e em mais uma porção de lugares, os índios passam a ser assunto quase que obrigatório. Afinal, o dia 19 é a data especialmente reservada no calendário para comemorar a existência desse povo, que já estava aqui quando os portugueses chegaram e “descobriram” o Brasil. Mesmo com o passar dos anos, muitas tribos ainda mantêm vivos seus costumes e seus rituais, que são pra lá de interessantes. Hoje em dia, muitos índios têm até acesso à tecnologia: assistem a novelas, escrevem em blogs, trocam e-mails com gente de todo canto e até batem papo no celular. E ainda usam toda essa tecnologia para divulgar a cultura do seu povo. Legal, né?

Pai de todos

Você já deve ter ouvido falar que toda nação indígena tem um pajé, certo? Pois bem: ele é tipo o pai de todos, o membro mais velho da família e a quem todos respeitam pela sua sabedoria. O pajé é, ao mesmo tempo, o médico e o líder religioso, que ensina as tradições para as crianças e realiza as cerimônias de casamento, por exemplo. Pajé, na verdade, é um termo da língua tupi. Outros povos até usam nomes diferentes para designar esse líder. Na tribo dos maraguás, o pajé é conhecido como malyli e, entre os saretés, é o painy.

Ele é o cara!

O cacique é outra figura importante entre os indígenas e é como se fosse o presidente, o líder que toma as decisões e que é muito respeitado por todos. Do mesmo modo que o pajé, em cada tribo ele recebe um nome diferente. Na língua dos maraguás, por exemplo, o cacique é conhecido como tuxawa. Ah! E tem mais: uma vez tuxawa, sempre tuxawa. Isso porque, nas nações indígenas, não rola essa história de votação. Ele só será substituído no posto quando bater as botas. Ou quando virar estrela. Ou quando for dessa para melhor, como queira.

Ô, lá em casa!

As casas dos índios, chamadas de ocas, são feitas de pau a pique. Elas são construídas apenas com taipas, uma mistura de barro sustentado por pedaços de madeira, e depois são cobertas com palhas ou folhas grandes de árvores, como as da palmeira. E as moradias são coletivas, ou seja, todo mundo mora junto, como uma grande família, e divide tudo: as redes pra dormir, o lugar de brincar, a cozinha… Os únicos objetos pessoais são os instrumentos de trabalho, como arcos, flechas e machados. Pense nisso antes de reclamar de dividir o quarto com sua irmã.

Emprego pra quê?

Acredita que não existe essa história de emprego, chefe, nem de salário na sociedade indígena? Eles trabalham, sim, mas de um jeito diferente. Na verdade, eles dividem as tarefas diárias de acordo com o sexo e a idade. As mulheres, por exemplo, cozinham, fazem as panelas com barro e argila, cuidam das crianças, plantam e colhem os alimentos e também são responsáveis por pintar os corpos dos homens. Já os homens vão à caça, pescam e, quando têm algum ritual, eles é que dançam, enquanto elas cantam. Já os curumins, os indiozinhos, acompanham os pais nos trabalhos e vão aprendendo sobre as suas responsabilidades desde muito cedo.

Aprender! Sempre!

Os curumins aprendem muito cedo as lições que devem levar pelo resto de suas vidas. Respeito à mãe natureza, respeito ao próximo, respeito aos limites, leis e costumes. Por isso nas aldeias não há traficantes, ladrões, bandidos, drogados, porque os curumins aprendem muito cedo o que presta e o que não serve para suas vidas. Detalhe: nas aldeias não existem cadeias nem prisões. Entre os índios, a responsabilidade de criar e ensinar os filhos é dos pais e não da sua sociedade.

Você, índia! Eu, índia também!

Agora, se você acha que os índios não têm nadinha a ver com a nossa cultura, espere até ouvir essa: como eles foram os primeiros habitantes do Brasil, a maioria das famílias do nosso país, quando começou, trazia algum tipo de mistura de raças, geralmente entre os índios, os europeus e os africanos. Daí, se procurar bem, é possível que quase todo mundo tenha, mesmo que lá longe, um ou outro parente que usa cocar e penacho na cabeça. Além disso, mesmo não convivendo com os índios, muitas coisas do nosso dia a dia foram influenciadas por eles. Duvida? Vai me dizer que você nunca dormiu numa rede? Ou que não fica com água na boca quando alguém aparece ao seu lado comendo milho, mandioca, farinha e tapioca? Todas essas influências vêm dos índios! E tem mais: o nosso idioma também assimilou muito da cultura indígena, principalmente dos tupis. Carioca, por exemplo, vem de kari (“branco”) e oca (“casa”), ou seja, “casa de branco”. Maracanã, samambaia, guaraná, paçoca, perereca, pipoca e jabuticaba também têm origem na língua indígena.