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Dicas para pilotar sua motocicleta com segurança

Dicas para pilotar sua motocicleta com segurança

Por Fernando Medeiros

 

 

O mês de julho é considerado o mês dos motociclistas, isso porque no dia 27 é comemorado o Dia do Motociclista. Infelizmente no nosso país fazer parte desta “tribo” é quase um “crime” e defender motos é quase falar palavrão. O poder público faz de conta que elas não existem e quando o assunto é acidente ou despesas do INSS, lá estão elas na boca do povo. As pessoas esquecem que acima de tudo há vidas preciosas sobre as motocicletas e justamente por isso merecem a nossa atenção, respeito e também empenho no sentido de preservá-las. Preparei abaixo algumas dicas para que as pessoas reflitam mais sobre a questão da segurança das motocicletas e também para que reconsiderem seus métodos de pilotagem e suas escolhas.

A frota de motocicletas tem crescido bastante no Brasil nos últimos 10 anos e naturalmente com ela cresceu também o número de acidentes. Como usuário diário de motocicleta já há alguns anos, observador do assunto e tendo estudado alguns dados estatísticos, posso dizer com segurança que cerca de 80% dos acidentes poderiam ser evitados com um pouco mais de prudência, educação dos motoristas de qualquer veículo e pelos próprios motociclistas, principalmente se tiverem mais preparo para utilizar a motocicleta.

Regra básica para todo motociclista: Velocidade = acidente. Costurar no trânsito: só com as máquinas próprias ou para as costureiras. Imprudências: ou o funeral ou muletas e cadeiras de rodas. Portanto, precaução é a palavra chave.

Com base nessa premissa, listo abaixo as cinco principais dicas para pilotar com segurança:

1 – Chuva – Em dias de chuva os riscos são grandes para todos os veículos, mas para as motocicletas são ainda maiores. Buracos escondidos por poças d’água, piso escorregadio e visibilidade comprometida são apenas os mais elementares, porém há muitos outros. Os motoristas dos carros olham menos no retrovisor devido a atenção à frente e por vezes, não enxergam direito e acabam entrando na frente das motos. Também há a questão do frio que prejudica a mobilidade, assim como o grande número de roupas. Outro risco grande é o jato de água que os carros e caminhões podem jogar sobre as motos ao passarem em grandes poças d’água. Elas podem desequilibrar o motociclista pelo susto ou força da água. Além dos buracos a água também esconde a presença de óleo e detritos escorregadios na pista.

2 – Pós-chuva – Quando a chuva acaba os motoristas voltam a conduzir seus veículos com a confiança e segurança de quem está andando em solo seco e com boa aderência, no entanto para as motos este é um período crítico, pois a chuva traz para o meio da rua areia e detritos que roubam toda a aderência do piso, o que aumenta muito o risco de acidente. Em lugares baixos este risco é muito maior, pois a água desce pelas ruas com maior volume de detritos e maior capacidade de espalhá-los.

3 – Óleo nas curvas – As chances de ter óleo na pista são muito maiores em curvas do que em uma via reta. É simples entender o porquê. Nos caminhões os tanques de combustível ficam nas laterais e com a boca virada para o lado de fora. Quando estes caminhões estão com o tanque cheio e fazem curvas mais fechadas, o risco de derramar o combustível é muito grande. É bastante comum acontecer acidentes, por exemplo, em alças de acesso a pontes, onde a curva é fechada e com certa velocidade. Passar de moto sobre este combustível é certeza de queda, pois em uma curva é quase impossível segurar a moto nestas condições. Para evitar este tipo de acidente, o ideal é fazer a curva em baixa velocidade e na parte de dentro da pista. É fundamental estar devagar para não derrapar e cair na frente ou embaixo de outro veículo. Outro ponto é que os detritos do solo são lançados na parte de fora da curva, deixando o solo com menor aderência nesta área.

4 – Distância de seguimento – Mais comum do que se imagina é acontecer colisões traseiras entre motocicletas ou mesmo com carros e outros veículos. Isto ocorre porque inexplicavelmente os motociclistas costumam andar “colados” no veículo a sua frente, principalmente nos corredores. A distância segura é de pelo menos 15 ou 20 metros. Pelas características dos pneus das motos a área de atrito com o solo é muito menor, portanto requer mais espaço para parar.

5 – Cuidados entre os carros – Apesar de polêmica a prática de pilotar entre os carros é uma realidade da qual não podemos mais fugir. A questão é matemática nas capitais. Se a motos que andam entre os carros adotarem o centro das faixas de rodagem, estaremos tirando espaços hoje ocupados por carros e o trânsito ficaria pior do que já é. Em São Paulo, por exemplo, onde a frota circulante é de 1 milhão de motocicletas, podemos considerar que apenas 20% delas estão nas ruas ao mesmo tempo, portanto 200 mil. Considerando que uma moto precisa de pelo menos 4 metros para rodar, (isto em trânsito parado, pois a moto tem quase 2 metros, mais 1 metro à frente e outro atrás), estaremos tirando das ruas 800 km de asfalto para os carros. A consequência disto seria simplesmente a inviabilidade do trânsito na cidade.

6 – Fone de ouvido e celular – Definitivamente a relação do brasileiro com o celular é no mínimo intrigante. Parece que não vivemos sem eles e quando estamos sem nos sentimos “nus”. Mas o ato de pilotar uma motocicleta é algo que exige exclusividade e concentração absoluta. Estamos no controle de um veículo sujeito a mudanças de cenário muito repentinas, o que em um momento é tranquilidade, em segundos torna-se uma situação de alto risco. Definitivamente não faz sentido utilizar celular ou fones de ouvido enquanto se pilota. Os ouvidos ocupados irão lhe roubar informações preciosas trazidas pelo som como, por exemplo, a aproximação de um carro, uma buzina, outra moto se aproximando ou mesmo detectar defeitos na sua própria máquina.

7 – Canto de lombada – É bem comum vermos motociclistas passando entre as lombadas e o meio fio. Esta é uma atitude extremamente perigosa. Primeiro porque se há na rua uma lombada, é porque a velocidade deve ser reduzida. Também temos que considerar os riscos do ato em si, pois no canto das ruas há muito mais concentração de detritos, portanto compromete a aderência dos pneus e se tem um lugar péssimo para alguém cair da moto, este lugar é próximo do meio fio, o risco de quebrar pescoço ou coluna é exponencialmente maior, as pedaleiras da moto podem, ainda, acertar a própria lombada ou a calçada e acredite isto não é nada bom.

8 – Vias com travessas – Constantemente observo carros e motos passando por ruas com travessas, sem nem considerar a hipótese de que outro veículo pode atravessar sem observar o movimento. O fato de estar na via preferencial não é garantia de que ninguém vai atravessar, portanto cruze as ruas com prudência, sinalize com lampejo de farol ou buzina e trafegue em velocidade compatível com a da via.

8 – Mito de frear BA proporção 70%/ 30% – Se você é motociclista, provavelmente já ouviu falar que se deve frear 70% com a roda dianteira e 30% com a roda traseira. Já escutei inclusive instrutores de pilotagem orientando usuários de motos neste sentido. Provavelmente esta ideia é resultado da capacidade de frenagem das motos, sejam elas com freios a tambor, disco ou ABS, a roda da frente é o que garante o maior poder de frenagem e isto não se deve à força aplicada no manete ou pedal de freio, a questão é física. Ao acionar o freio dianteiro, o peso da moto em movimento pressiona o pneu no chão aumentando a capacidade de frenagem. Isto não acontece com a roda traseira, por isso é muito mais fácil derrapar o pneu traseiro.

Quando você for frear uma moto esqueça esta história e freie para parar sem derrapar. Se você ficar se preocupando em calcular se está acionando o manete e pedal nas medidas certas, provavelmente irá bater ou cair antes de passar a régua na sua conta. Portanto não esqueça… Freie para parar sem derrapar! Motos com os dois freios a tambor precisam de mais espaço para parar, portanto não abuse da velocidade e garanta um bom espaço de frenagem. Motos com freios à disco normalmente conseguem parar mais rápido, no entanto é preciso tomar cuidado para não derrapar, principalmente a roda dianteira. Motos com ABS são espetaculares, você pode “encher a mão e o pé” nos freios, que o próprio sistema se encarrega de garantir que a roda não pare de rodar até que a moto esteja parada.

 Se você está pensando em comprar uma moto agora e puder pagar por este recurso, esteja certo de que seu dinheiro será bem gasto. Nunca se esqueça: investir em segurança é sempre o mais barato dos remédios.

 Voltando a questão da segurança é importante tomar muitos cuidados nos “corredores”. A velocidade para pilotar com segurança é de no máximo 70 km/h. Mesmo que o limite da via seja maior, para a sua segurança, não ultrapasse esta velocidade. Caso não tenha motocicleta alguma à sua frente utilize a buzina para chamar a atenção dos motoristas. É sabido que eles não gostam, mas é uma questão de segurança para o motociclista. Se a sua moto tiver o recurso do lampejador de farol utilize-o à noite, pois é mais eficiente do que a buzina.

Conforme mencionamos acima, mantenha a distância e jamais tente ultrapassar sem que a moto à frente lhe tenha dado passagem. Este é um dos maiores motivos de acidentes nos corredores. Mantenha seus espelhos retrovisores bem posicionados e não tente passar por espaços duvidosos. Quando tiver a sua frente um espaço do qual você se pergunte: será que passa? Sempre responda para si mesmo NÃO! Se a situação levou você a se questionar é porque o espaço é apertado e não lhe garante segurança.

Caro amigo leitor, sou usuário de motocicleta e conheço bem o dia a dia e o prazer de pilotar sobre duas rodas. Vejo diariamente pessoas se submetendo a riscos desnecessários para ganhar segundos que, dificilmente, farão a diferença quando você chegar ao seu destino. Considere o tempo que você já está ganhando pelo simples fato de estar de moto. Por mais que você tente correr o tempo ganho não compensa o risco ao qual se expõe. Andar de moto é muito prazeroso, mas viver é muito melhor!  

Fernando Medeiros é diretor executivo da ASSOHONDA.