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Paulinho da Viola emociona o público

“Fiquei muito feliz. É um público muito legal, todos nós, os músicos, comentamos”, disse o artista

Enquanto está no palco, munido do violão ou do cavaquinho, o cantor e compositor Paulinho da Viola quase não conversa com o público que o assiste. Nem precisa. Afinal, um artista com uma folha corrida tão extensa de serviços prestados à música popular brasileira, pode se dar ao luxo de apenas cantar, emendando vários sambas de sucesso, um atrás do outro, sem intervalos, num show que é praticamente todo autoral – exceções feitas em apenas dois momentos, nos quais Paulinho cantou Lupicínio Rodrigues e seu mestre maior, Zé Kéti.

Ao se apresentar na noite de sexta-feira, 19, no Centro Glauber Rocha – Educação e Cultura, Paulinho da Viola confirmou que não haveria nome mais apropriado para ser o artista convidado na primeira noite da 18ª edição do Natal da Cidade. Sua simpatia, aliada à forma educada com que se relaciona com o público e com a imprensa, e ainda à ternura contida nos sambas que canta, têm muito a ver com o clima que perdura no evento natalino promovido pela Prefeitura de Vitória da Conquista.

“Desilusão”, “Coração leviano”, “Bebadosamba”, “Foi um rio que passou em minha vida”, os clássicos foram sendo cantados. O público cantou junto, quando o artista afinal entoou aquela que talvez seja sua canção de maior apelo popular – “Pecado capital”. A chuva fina, que insistia em cair, não foi suficiente para afastar quem se mantinha em frente ao palco – a ponto de exigir, enfaticamente, que o artista e seus músicos retornassem a ele, quando já se preparavam para deixá-lo. Agradecido, Paulinho presenteou-os com uma versão emocionante de outro clássico pungente. E começou a cantar “Sinal fechado”, no mesmo momento em que luzes vermelhas explodiam dos holofotes que, postados sobre o palco, o iluminavam.

‘Privilégio, maravilha’ – Postada junto à grade, o mais próximo que pôde chegar do palco onde Paulinho cantava, a estudante Elaine Souza, atualmente no 3º semestre do curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), sambava sem parar. “É mais do que gratificante. É tão raro a gente ver assim, de pertinho. Realmente, é um privilégio, uma maravilha. Só tenho a agradecer”, disse. Aos quase 25 anos, que completará em janeiro, ela é fã de Paulinho da Viola. E acaba de se tornar, também, admiradora de Vitória da Conquista, onde passou a morar em março, vinda de Feira de Santana. “Ter isso aqui em Conquista é muito positivo. Faz com que somem muito mais as coisas que a cidade pode oferecer. E, com isso, faz com que as pessoas gostem mais do envolvimento cultural da cidade”, observou.

‘Legado cultural’ – O professor Alexandre Carvalho afirmou que, mais do que oferecer ao público um show de qualidade, a Prefeitura promove “educação musical” por meio dos artistas que seleciona para o Natal da Cidade. “Paulinho da Viola, por exemplo, é um artista de uma qualidade impressionante para a cultura brasileira. É fundamental que uma Prefeitura, comprometida com um projeto social e cultural de qualidade, traga uma artista do quilate de Paulinho”, disse Carvalho, que leciona no curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). “Então, a Prefeitura acerta ao apostar em artistas que podem trazer um legado cultural de qualidade para a nossa cidade”, finalizou.

‘Prova de carinho’ – Depois do show, já atendendo aos jornalistas, Paulinho da Viola mantém o mesmo comportamento que apresentou no palco. Só que, se antes ele falava exclusivamente por meio de suas canções, ele agora conversa animadamente, respondendo com gosto e com mínimos detalhes a cada pergunta que lhe fazem. A fina e breve chuva, por exemplo, só serviu para explicitar-lhe o quanto o púbico parecia interessado em ouvi-lo. “Choveu um pouquinho. Mas as pessoas ficaram ali, é uma prova de carinho mesmo, e de gostar do nosso trabalho. Fiquei muito feliz com isso. Muito feliz mesmo. É um público muito legal, todos nós, os músicos, comentamos”, explicou.

‘A cultura da gente’ – As características básicas do Natal da Cidade também parecem ter-lhe ficado evidentes. Ele percebeu isso com perspicácia. A julgar por sua avaliação, a experiência em Vitória da Conquista não foi somente “um rio que passou em sua vida”. Mas seu coração parece “ter-se deixado levar” pelo público que o ouviu: “Aqui, já me informaram que a festa tem um outro caráter, que foge um pouco daquilo que tradicionalmente se vê em outros lugares, com relação ao natal. Acho isso ótimo, porque assim você pode prestigiar outras formas, as coisas mais ligadas à cultura da gente”.