Governador recebe estudantes premiadas em feira internacional
Rui parabenizou as alunas e incentivou a continuidade dos estudos como forma de inspirar outros jovens e toda a sociedade na melhoria da educação na Bahia. “Espero que o exemplo delas possa se multiplicar e contagiar os milhares e milhares de alunos da rede estadual, desejando que todos possam abraçar o Pacto pela Educação e convidar todos os professores, diretores [e] a família a se envolver”.
Dos 50 finalistas, o trabalho de Beatriz e Thayná foi um dos seis que receberam a distinção da Organização dos Estados Americanos (OEA) pela contribuição para o desenvolvimento regional da comunidade local.
Estímulo das famílias
Moradora da comunidade quilombola de Paus Altos, na zona rural de Antônio Cardoso, Thayná é de uma família que sempre a estimulou a estudar. Além dos pais, que só fizeram ensino fundamental, ela credita à avó paterna e aos tios professores o apoio necessário para desenvolver o projeto. Prestes a concluir o ensino médio, a estudante afirma que deseja cursar Direito e seguir atuando em causas sociais.
“Eu quero ser advogada porque o município de Antônio Cardoso não é desenvolvido. Estudando e retornando para realizar todo o meu trabalho de pesquisa, vou ajudar no desenvolvimento do município e no fortalecimento da identidade negra”, planeja a jovem.
Filha de pai vigilante e mãe funcionária de restaurante, Beatriz também teve no núcleo familiar o maior incentivo para realizar um trabalho, reconhecido internacionalmente, que transforma a realidade da própria comunidade. O próximo objetivo é ingressar numa faculdade de Medicina. “Eu não teria chegado aonde cheguei, sem o apoio da minha família, e podemos dizer que estamos mudando a visão das pessoas no nosso município”.
Identidade negra
Um dos principais resultados obtidos através do projeto, desenvolvido no Colégio Estadual Antônio Carlos Magalhães, foi o maior reconhecimento da identidade negra entre os jovens do município considerado o mais negro do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que possui sete comunidades remanescentes de quilombos.
Orientadora de Beatriz e Thayná, a professora de Geografia Patrícia Peixoto destaca o efeito do trabalho nas meninas entre os colegas da Rede Estadual de Ensino. “O projeto despertou o interesse por novas perspectivas, o sonho de ter uma realidade diferenciada, de se tornarem autônomos e conquistar o espaço desejado por eles”.
Antes de apresentarem a pesquisa, em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, as alunas foram classificadas, na feira de ciências da unidade escolar, e depois representaram a Bahia na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), por meio dos programas Ciência na Escola e Feira de Ciências e Matemática da Bahia. Agora as estudantes querem ampliar os contatos com outras comunidades quilombolas e registrar o material em videodocumentário.