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40% dos casos de cegueira infantil no Brasil poderiam ter sido evitados

O Brasil possui mais de 30 mil crianças cegas. Entenda quais são as causas e como identificá-las.                                

Este mês acontece a campanha “Abril Marrom”, que chama a atenção para a importância da prevenção da cegueira, incluindo a cegueira infantil.

No Brasil existem mais de 30 mil crianças cegas e 143 mil com baixa visão. E 40% dos casos poderiam ser evitados ou tratados precocemente. As alterações visuais na infância irão impactar em todos os aspectos do desenvolvimento, assim como na idade adulta, em aspectos sociais e oportunidades ao longo da vida.”, alerta Ana Luiza Costa, oftalmologista infantil.

 O dado é baseado em estudos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e retrata uma realidade não só do Brasil, mas também de outros países. Ao todo,  1,4 milhão de crianças são cegas no mundo e que 500 mil novos casos de cegueira infantil surgem a cada ano. Desses novos casos, 50% das crianças morrem em um ou dois anos, segundo dados da Lions Club International Foundation.

De acordo com a oftalmologista, muitas causas de cegueira devem-se a alguma doença. Nas crianças as principais causadoras da cegueira irreversível são: Catarata Congênita; Glaucoma Congênito; Retinopatia da Prematuridade e Retinoblastoma. Dentre as causas reversíveis, a mais importante é o erro refrativo (grau) não corrigido.
Essas doenças podem emitir sinais perceptíveis pelos pais ou fáceis de serem diagnosticados em consulta oftalmológica.

“Acredito que outro fator importante no combate à cegueira infantil são as campanhas de conscientização. Debates sobre o tema podem ajudar a população com informação. Os exames também devem ser sempre ressaltados”, explica.

O primeiro teste para triagem de doenças oftalmológicas na criança é o “teste do olhinho”. Ele é obrigatório no Brasil e, é feito com um aparelho chamado oftalmoscópio.  O instrumento possui uma luz que atravessa córnea, pupila, cristalino e corpo vítreo do olho e reflete-se na retina sem causar qualquer dano aos olhos do bebê.

O resultado em crianças com olhos saudáveis é o reflexo de uma luz avermelhada e contínua. Na ausência de reflexo ou em casos de assimetria, a criança deve ser encaminhada para o oftalmologista para fazer novos exames.

Em bebês com até dois anos de idade, é preciso observar sintomas como fotofobia, lacrimejamento constante, vermelhidão e olhos com cores acinzentadas e opacas. Crianças com essas características também costumam demonstrar pouco interesse pelo ambiente e pelas pessoas que nele estão. Este pode ser um indício de que a criança tenha glaucoma.

Toda criança deveria ser submetida a exame com oftalmologista quando com 1 ano e meio de idade, para avaliação de grau, fundo de olho e movimentação ocular. Este exame auxilia na detecção de erros refrativos assimétricos ou altos, permitindo correção precoce sem prejuízo à visão da criança.

Muitas pessoas acabam não levando a criança pré verbal ao oftalmologista pelo fato de acreditar que para o exame, é necessário saber informar as letras colocadas no painel do exame. Porém, a técnica de exame para crianças pré verbais difere da técnica do adulto e nos permite avaliar aspectos importantes ao desenvolvimento visual da criança.

A realização de exames regulares é importante para a detecção precoce de estrabismo, evitando assim a ambliopia, que é o “olho preguiçoso” causado principalmente pelo estrabismo e pela diferença de grau entre os olhos.

“A ambliopia, se não corrigida até os sete anos, compromete a visão da criança de forma irreversível. A criança pode ou não apresentar sintomas, dependendo do quadro clínico, e por isso os exames de rotina são tão importantes.”, conclui.