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Samu 192 alerta sobre trotes e suas consequências

Embora tenha diminuído nos últimos dois anos, esse tipo de irresponsabilidade ainda é um dos problemas enfrentados pelas equipes atendimento médico e urgência

Desde janeiro, o Samu 192 recebeu quase mais de 150 mil ligações telefônicas vindas de Vitória da Conquista e de mais 11 municípios que compõem a unidade regional do serviço. Os veículos que servem à equipe – uma unidade de suporte avançado, quatro de suporte básico, três ambulâncias  nos distritos rurais e outras duas dedicadas a serviços sociais – realizam de 40 a 50 viagens no município, a cada 24 horas.

Ainda que todo esse volume de ligações passe por um rigoroso processo de triagem, a equipe não consegue eliminar totalmente a incidência de trotes. Neste primeiro semestre, por exemplo, foram detectados mais de 300 ligações desse tipo.

A grande maioria das tentativas não se concretizou, sendo abortada pelos próprios operadores durante as ligações. No entanto, em nada menos que 22 ocasiões, as equipes foram deslocadas até os locais informados por telefone e, ao chegarem, constataram que haviam sido enganadas.

A coordenadora de Enfermagem do Samu 192, Adriana Barbosa, lamenta esse tipo de irresponsabilidade, que pode pôr em risco a vida de outras pessoas. “Pode ser que tenha uma ligação que realmente tenha a necessidade do serviço e não tenha ambulância para mandar, porque ela foi procurar uma ocorrência que é trote”, queixa-se Adriana.

Até 2015, os trotes chegavam a representar até 48% das ligações recebidas num único mês. Desde então, com a implantação do Samu Mais, um sistema integrado de atendimento em urgências médicas, esses índices baixaram, embora ainda sejam uma realidade incômoda. Hoje, a média varia entre 27% e 30% das ligações mensais.

Banco de dados – O sistema integrado permite que, ao atender a ligação, o operador tenha acesso, na tela de seu computador, ao número do telefone responsável pela chamada e a um formulário que ele deve preencher com as informações sobre a suposta ocorrência.

Isso, automaticamente, gera um banco de dados, a partir do qual é possível elaborar estatísticas mais precisas e obter um histórico com informações sobre cada número registrado. Essas ferramentas permitem, por exemplo, que a Prefeitura identifique os telefones que mais se repetem em ligações que se revelam trotes.

“A gente consegue ter um controle maior, porque o sistema Samu + grava todas as ligações e também identifica o número que já passou trote”, explica Adriana. “Se ele for registrado como trote, a próxima ligação daquele número vai registrar que ali é um trote. Então, primeiro o teleatendente ouve, para ver se realmente a pessoa está passando trote. E já fala para a pessoa que esse seu número está gravado aqui dessa forma”.

Trabalho educativo – Além da eficiência do sistema eletrônico, a equipe do Samu 192 credita a diminuição no número de trotes ao trabalho educativo feito pela equipe. Isso ocorre, por exemplo, por meio de palestras em escolas, já que boa parte dos trotes são feitos por crianças e adolescentes (embora os trotes feitos por adultos gerem resultados mais extremos, a exemplo das já citadas ocorrências em que os profissionais do Samu 192 foram enganados). Além disso, os profissionais do serviço também participam de reuniões nos conselhos locais de saúde, nas quais falam sobre esse tipo de problema.

“O Samu 192 está aí para servir à população. A gente sabe da importância do serviço para todos que precisam e já precisaram. Então, cabe à população se conscientizar e valorizá-lo”, observa Adriana. “Às vezes, por questões de mau uso, acaba atrapalhando a pessoa salvar uma vida que esteja realmente precisando”.