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Pesquisa da Uesb propõe implantação de hortas escolares na Educação Básica

Texto e imagem: Ascom Uesb

A implantação de hortas em instituições escolares gera impactos no processo educacional

É possível e viável trabalhar a horta no ambiente escolar? Com um olhar para o futuro, a professora e pesquisadora Viviane Mendes Santana desenvolveu um estudo com essa proposta no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino da Uesb. Com foco no processo ensino-aprendizagem na Educação Básica, ela afirma que a proposta visa conciliar as atividades da horta com os conteúdos do currículo escolar, agregando conhecimento e beneficiando não só os estudantes.

Seu projeto de pesquisa leva o título de “Horta na Escola: formação continuada, prática docente e processo de ensino-aprendizagem” e é orientado pela professora da Uesb, Gabriele Marisco. Segundo a pesquisadora, a implantação de hortas em instituições escolares gera impactos tanto no processo educacional quanto na alimentação e, consequentemente, na saúde de todos os envolvidos.

Ao pensar nas questões pedagógicas, as experiências mostram que, na prática do ambiente escolar, as hortas podem envolver fatores relacionados ao engajamento dos conteúdos que fazem parte da grade curricular com o espaço, utilizando-o de forma a favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Segundo a pesquisadora, “o educador deve multiplicar seus conhecimentos pensando sempre que esta ação irá favorecer não apenas o aprendizado dos escolares, mas, também, a sua própria prática docente, pois a educação só tem a ganhar com o intercâmbio de experiências”.

Contribuições sociais – Atuando também como professora da Educação Básica, Santana observa que a realização de atividades ao ar livre e em grupos também estimulam o desenvolvimento cognitivo dos educandos. Os primeiros resultados apontam que os projetos de horta são importantes porque envolvem questões sociais e emocionais relacionadas ao relacionamento interpessoal, incentivo a comunicação, o desenvolvimento do pensamento crítico, a autonomia, a responsabilidade, a criatividade, o respeito e a convivência.

Para Marisco, orientadora do trabalho, a pesquisa é um instrumento que pode contribuir com a mudança no direcionamento do olhar da sociedade, pensando nos impactos de uma alimentação saudável, nas questões que envolvem a exploração das atividades e espaços coletivos e na mudança de hábitos. “Ao entendermos o ciclo plantar, cultivar e colher nos sentidos denotativo e conotativo, passamos a enxergar além dos métodos de exploração da terra e pensamos em plantar indagações, cultivar soluções e colher frutos que podem ser refletidos nos espaços de educação formal e não-formal”, pontua.

Como aconteceu o estudo – O início da pesquisa se deu com o Ateliê Reinventa Docente. Caracterizada como uma pesquisa-formação fundamentada nas narrativas de professores entrevistados, a investigação científica buscou avaliar, por meio de um processo formativo docente, as percepções e intenções relacionadas à implantação de hortas escolares como estratégia de ensino-aprendizagem na Educação Básica.

Na primeira fase, Santana utilizou como metodologia questionários de manifestação de interesse entre 30 docentes. Desses, 19 foram selecionados para participar da pesquisa que finalizou com um curso. Nesse processo formativo, participaram professores das licenciaturas em Ciências Biológicas, Letras, Geografia, História, Pedagogia, Matemática e Educação Física. As discussões envolveram dois eixos: a pedagogia da horta e alimentação e saúde. “A ação visou despertar nestes docentes o desejo de multiplicar os saberes discutidos durante os encontros, desenvolvendo projetos de hortas escolares nas instituições educacionais em que lecionam”, explica.

Foram analisados dos professores aspectos como a motivação, o aprendizado, a autonomia, a interação e o afeto. Durante as discussões, foram ponderadas ainda as dificuldades dos docentes, como a falta de recursos, de tempo, de apoio e a desvalorização salarial. Em um segundo momento, com encontros remotos, foram realizadas atividades on-line por meio de ferramentas tecnológicas de construção colaborativa do conhecimento, “assim, os docentes puderam participar e interagir com as atividades propostas”, conta Santana.

Nos encontros, os participantes puderam conhecer também o projeto de horta escolar implantado no Centro Integrado de Educação do Conde (Ciec), localizado no município de Conde, na Bahia. A partir desse contato, foi apresentado também questões em torno do planejamento, desenvolvimento e implantação da horta, mostrando como os pressupostos teóricos discutidos são necessários para a fase prática, pois interferem, diretamente, na organização e no sucesso do projeto.

Além disso, foi possível conversar mais sobre as contribuições eficazes da horta na escola no que diz respeito à alimentação e à saúde. “Foi possível visualizar, de forma ainda mais contundente, a importância de trabalharmos conteúdos escolares que possuem relação direta com a alimentação e saúde, pois tais saberes podem influenciar diretamente na qualidade de vida dos educandos e dos seus familiares”, defende a mestranda.