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Mau uso da internet reduz a inteligência, afeta o foco atencional e a memorização

Texto e imagens: Tomorrow Summit / FAP

O Dr. Fabiano de Abreu, neurocientista luso-brasileiro, expõe conceito que serve de alerta para a sociedade em destacado em evento Europeu

A 4ª edição do Tomorrow Summit, encontro internacional de tecnologia e inovação, organizado pela Federação Académica do Porto (FAP), debateu sobre temas relevantes para a construção de um futuro melhor. Em uma das palestras, o neurocientista, PhD e biólogo Dr. Fabiano de Abreu, abriu uma discussão sobre prejuízos cognitivos causados pelo mau uso da internet. De acordo com ele, a inteligência, em especial a das crianças, que em poucos anos de vida, passam a usar tablets, smartphones e notebooks, tem sido reduzida.

O artigo, que foi publicado em 2018, está ganhando notoriedade no período pós pandemia. “É o maior evento do ano sobre educação. É crucial tratar esse tema hoje em dia. Todas as circunstâncias do mau uso da internet acarretam em transtornos. Muito do que está acontecendo em relação à questão mental, está conectado ao mau uso da internet”, explica o neurocientista.

O Dr. Fabiano de Abreu explica ainda, que a internet proporciona um ambiente no qual o sistema de recompensa do cérebro é ativado constantemente. “Os mecanismos de aprovação das redes sociais, estão intimamente relacionados à exploração da sensação de bem-estar causada pela liberação de dopamina”, detalha. A dopamina é um neurotransmissor, liberado quando uma atividade agradável é realizada, quando há consumo de alimentos que se gosta ou ainda, quando há o uso das redes sociais. 

Esse sistema de recompensa, por sua vez, pode ser ativado pela ansiedade. “A dopamina não é liberada só quando você tem a recompensa, mas também quando você imagina que a terá. Se você está ansioso por circunstâncias diversas, você mergulha em uma atmosfera negativa. Então, achar que você vai conquistar algo, já faz liberar dopamina”, explica. O problema é que a intensidade do alívio gerado pela dopamina é cada vez menor quanto há situações semelhantes, logo, não alcançar o nível de intensidade esperado causa ainda mais ansiedade, gerando um ciclo vicioso.

Esse looping é prejudicial, pois propicia a liberação do hormônio cortisol, que está relacionado ao sistema imunológico. “Além disso, esse ciclo de ansiedade acaba afetando o sistema emocional e a região responsável pela tomada de decisões no cérebro. Existe uma cultura de não absorção de conhecimento por conta das redes sociais e isso causa a atrofia no córtex cerebral. Desse modo, a capacidade de dominação de emoções é reduzida e transtornos como a depressão podem surgir”, afirma o neurocientista.

Para combater este cenário, Fabiano de Abreu acredita que a neuroplasticidade cerebral é essencial. “Ela vai desde a alimentação, o exercício físico e sono regular, até processos de ginásticas cerebrais para estimular a região responsável pela tomada de decisões e domínio das emoções a se desenvolver melhor. A plasticidade também ocorre quando buscamos nos aprofundar em conhecimentos, a absorção de informações é fundamental para a saúde do cérebro”.

Sobre o Dr. Fabiano de Abreu 

Fabiano de Abreu Rodrigues  é PhD, neurocientista com formações também em neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências.