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Especialista esclarece características das chuvas repentinas e intensas

PMVC

Rosalve: “Estávamos fora da curva das chuvas, pois normalmente, nos meses de abril, as médias esperadas são de 58,8 milímetros”

A intensidade das chuvas que começaram a cair sobre Vitória da Conquista na noite de quinta-feira (20), quando em quarenta minutos choveu quase o dobro do que era esperado para todo o fim de semana, foi uma surpresa não apenas para as pessoas leigas, mas também para aqueles que estudam os fenômenos meteorológicos. Até este sábado (22), a precipitação já havia atingido uma média acumulada de 140 milímetros, de acordo com os pluviômetros monitorados pela Defesa Civil Municipal.

Prefeita Sheila Lemos monitora situação climática ao lado da equipe da Defesa Civil

No entanto, há explicações científicas para eventos naturais desse tipo, mesmo que não estivessem previstos. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo, emitia alerta para o  Extremo-Sul baiano, sem incluir Vitória da Conquista ou mesmo a região Sudoeste na rota das chuvas. Os temporais inesperados, que se concentraram em alguns bairros da zona oeste da cidade, podem ser explicados pelo avanço de uma frente fria sobre a região que inclui o estado da Bahia, segundo o órgão meteorológico.

“Nós realmente estávamos fora da curva das chuvas, pois, normalmente, nos meses de abril, as médias esperadas são de 58,8 milímetros. Quando esse tipo de chuva acontece, é por conta de eventos climáticos extremos”, explica o climatologista Rosalve Lucas Marcelino, professor do curso de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Por “evento climático extremo”, de acordo com o pesquisador, entenda-se a convivência simultânea entre dois fenômenos climáticos – um se encerrando, outro se iniciando. “Neste ano, especificamente, temos uma situação bem incomum, que é o final da La Niña e o início do El Niño, simultaneamente”, informa Rosalve, ressaltando que o El Niño é conhecido justamente pelas precipitações repentinas e de grande intensidade, como a que ocorreu ontem em Vitória da Conquista.

“Desde o início do ano, já despontava com grande possibilidade matemática a presença do El Niño. E, nestes últimos levantamentos estatísticos, já temos quase 100% de certeza de que ele realmente chegou. Então, a previsibilidade das chuvas a curto prazo está comprometida”, relata ainda o professor.

Rosalve afirma que, de acordo com as previsões meteorológicas, outros eventos parecidos deverão ocorrer em médio e longo prazo, principalmente a partir de outubro, quando começa o período chuvoso. No entanto, a tendência para as próximas semanas, segundo o estudioso, é a redução da quantidade de chuva e a chegada do frio.

Esse período é conhecido pela redução da umidade relativa do ar e pelas noites que costumam ser frias e secas. “Os meses mais frios são junho, julho e agosto, com presença de cerração na parte da manhã, principalmente nos períodos antecedentes do inverno, que terá início no dia 21 de junho, às 11h58”, conclui o climatologista.