Artistas baianos participam da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, exposição dedicada à produção de artistas negros, em São Paulo

O estado da Bahia estará representado por 40 artistas na exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro“, a mais abrangente mostra dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país. Com abertura agendada para o dia 02 de agosto, no Sesc Belenzinho, São Paulo, a mostra parte da premissa de dar luz à centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares.

Com curadoria assinada por Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos, Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, apresentará ao público obras de cerca de 240 artistas negros – entre homens e mulheres cis e trans, de todos os Estados do Brasil – em diversas linguagens como pinturafotografia, esculturainstalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI.

“Como uma instituição que tem na diversidade uma de suas principais marcas, o Sesc busca por meio de suas ações dar voz aos mais diversos segmentos sociais, estimulando o debate e ajudando a registrar a história e cultura de nosso povo em toda sua abrangência e riqueza. Dentro dessas premissas, o projeto Dos Brasis lançou um olhar aprofundado sobre a produção artística afro-brasileira e sua presença na construção da história da arte no Brasil.

Um trabalho que contou com nossos analistas de cultura em todo o país, em um grande alinhamento nacional. 

A exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro é a culminância desse processo e oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, com também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, disse o Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

Trajetória – A ideia nasceu em 2018, um projeto de pesquisa fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. A partir de 2024 uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos.

Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas.

A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira.

A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística online intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.

Núcleos – A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição de arte negra, não caberá a junção formal, estilística ou estética.

Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legítima Defesa e Baobá, que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz NascimentoEmanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.

EXPOSIÇÃO DOS BRASIS – ARTE E PENSAMENTO NEGRO

Da Bahia

Acervo da Laje: Bruno Costa – Santa Inês (BA), 1985; César Bahia – Salvador (BA), 1964; Fernando Queiróz – Salvador (BA), 1972; Ivana Magalhães – Salvador (BA), 1974; José Eduardo Ferreira Santos – Salvador (BA), 1974; Vilma Santos – Salvador (BA), 1968; Nailson – Alagoinhas (BA); Paulo Telles – Salvador (BA), 1983; Ray Bahia – Salvador (BA), 1954; Zaca Oliveira – Salvador (BA), 1970

O Acervo da Laje é uma organização cultural, museu e escola, que desde 2011 promove a pesquisa no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foi iniciado com o pesquisador José Eduardo Ferreira dos Santos, enquanto mapeava os artistas da região, com o auxílio do fotógrafo Marco Illuminati. Hoje, José Eduardo e a esposa, Vilma Santos, mantêm juntos o museu. A multiplicidade de linguagens que constitui atualmente o Acervo da Laje desafia qualquer hierarquia de estilos ou gêneros.

Anderson AC – Salvador (BA), 1979

Núcleo Negro Vida

O artista participou do coletivo de grafite 071 Crew, que realizou várias intervenções urbanas na cidade durante os anos 2000. A partir de 2007, começou a expor em mostras coletivas e, posteriormente, em individuais. Anderson apropria-se de fragmentos de tela, tecidos e livros como ponto de partida de seus trabalhos, e esses objetos tornam-se elementos de discussão sobre temporalidades e suas conexões, a partir da intervenção pictórica e têxtil que o artista elabora.

Annia Rizia – Salvador (BA), 1992

Núcleo Romper

Annia Rizia foi premiada em 2022 em duas instituições de arte no exterior. A produção escultórica da artista reinterpreta máscaras africanas, como as Mwana Pwo, partindo da estética contemporânea da juventude preta e periférica dos centros urbanos do Brasil. O resgate da arte africana e os adereços da negritude brasileira criam um elo que desafia temporalidades impostas pela história da arte eurocêntrica.

Antonio Tarsis – Salvador (BA), 1995

Núcleo Negro Vida

O artista realizou exposições no Brasil e no exterior, tais como Symbolic Genocide, em Londres, e Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros, no Instituto Moreira Salles Paulista (IMS). O exercício diário de coletar caixas de fósforo, pedaços de papelão e latas de tinta impulsiona sua produção. A colagem e a sobreposição de elementos unem a escolha formal e a pesquisa histórico-social. A crítica do seu trabalho é elaborada pela experiência no processo artístico e pela percepção da paisagem em seu entorno.

Augusto Leal – Simões Filho (BA), 1987

Núcleo Legítima Defesa

Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e graduado em Desenho Industrial pela mesma instituição, Augusto Leal entende a arte como ferramenta de comunicação com as massas. Apropria-se dos elementos comuns aos jogos e brincadeiras, bem como da linguagem das sinalizações urbanas, para promover a participação do público em seus trabalhos, o que nos faz refletir sobre a forma como nos relacionamos entre nós e com a cidade, tensionando assim as relações geopolíticas e de estruturas de poder.

Ayrson Heráclito – Macaúbas (BA), 1968

Núcleo Organização Já

Ayrson Heráclito é um Ogã Sojatin do Jeje Mahi, em Salvador, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), artista visual e curador. Praticante do candomblé há mais de 20 anos, entende a arte como processo de cura. Em trabalhos que transitam entre fotografia, instalação, audiovisual e performance, lida com os elementos da cultura afro-brasileira em conexão com a África. Também fazem parte de sua produção os alimentos da cultura baiana, como açúcar, charque e dendê.

Emanoel Araújo Santo Amaro da Purificação (BA), 1940 – São Paulo (SP), 2022

Núcleo Baobá

Emanoel Araújo foi uma figura multidisciplinar nas artes visuais. Na década de 1960, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), período em que produziu seus cartazes, cenários e ilustrações que caracterizaram sua primeira produção. Participou de eventos importantes para a arte negra, como a Festac 77, e foi curador da exposição A mão afro-brasileira (1988), no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Entre 1992 e 2002, foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2004, fundou o Museu Afro-Brasil, onde foi diretor e curador até o ano de sua morte. O vigor de sua ampla produção está contido nas texturas, cores e formas geométricas, em diálogo com a herança africana na cultura brasileira.

Eneida Sanches – Salvador (BA), 1962

Núcleo Negro Vida

Eneida Sanchez formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1990. Com o religioso Gilmar Conceição, aprendeu a usar o latão e o cobre para fazer ferramentas de orixás. Coordenou a Galeria ACBEU (Salvador, BA) entre 2002 e 2009. Sua vasta produção em linguagem gira em torno da iconografia do candomblé, e o conceito de transe como fenômeno religioso aparece em muitos de seus trabalhos.

Gilberto Filho – Cachoeira (BA), 1953

Núcleo Baobá

Escultor, seus estudos e experimentações têm origem na carpintaria, na marcenaria de esquadrias e na especialização em móveis rústicos, de onde provém a natureza de sua produção: esculturas que representam edifícios arquitetônicos, com ênfase em edifícios religiosos, utilizando madeira e prego e outros objetos à disposição. O artista enfatiza que a imaginação e a criatividade são elementos essenciais em sua produção, e que ele encontra na interação com a madeira.

Ilê Axipá: André Otun Laran  Valença (BA), 1994

Núcleo Baobá

André Luís Miguel Brasil Sant’Anna, filho do escritor e sacerdote José Sant’Anna, autor do livro “Terreiros Egungun Um Culto Ancestral afro-brasileiro”, é artista sacerdote Otun Laran n’ile Asipa, onde, por gerações, sua família tradicional de matriz africana cultua os ancestrais. Integra a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá – ou Terreiro Ilé Axé Asìpá -, que se encontra em Piatã, Salvador (BA), fundada em 1980 por Mestre Didi Axipá, supremo sacerdote do Culto aos Egunguns da qual foi presidente.

Ilê Axipá: Antônio Oloxedê – Salvador (BA), 1967

Núcleo Baobá

Artista e sacerdote do culto de Baba Egun no Ilê Asipá, é Osi Alagba (mestre dos rituais a Ogum: orixá das lutas, dono das ferramentas e inovações). Em sua produção, emprega elementos do imagético iorubaiano na reinterpretação de ferramentas de tradição milenar no culto dos orixás e ancestrais da África Negra, mesclando ancestralidade ritual, tradição e contemporaneidade.

Ilê Axipá: Edivaldo Bolagi – Salvador (BA), 1970

Núcleo Baobá

Artista, carnavalesco, gestor e produtor cultural, colaborador do Fórum Permanente de Artes e Tradições Populares (Forpop) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Edivaldo Bolagi, compôs a equipe de assessoria do gabinete de secretário de Cultura no Estado da Bahia, no período de 2007 a 2011, entre muitas de suas missões, foi coordenador do Programa Carnaval Ouro Negro e do Projeto Carnaval Pipoca, de 2008 a 2011.

Ilê Axipá: LABI – Salvador (BA), 1968

Núcleo Baobá

Artista-sacerdote, Wellington Mendes, ou LABI, tem sua trajetória marcada pela convivência com as matriarcas e os sacerdotes do terreiro Ilê Axé Apô Afonjá, no qual é Ogã. Labi também foi iniciado no culto dos Egunguns, em que ocupa cargo de Ojixé Alapin (secretário espiritual). Fez parte do núcleo de crianças e jovens da comunidade Obá Biyi, liderada por seu Mestre Didi. Ojé é filho de Ogum, e carrega a tradição da forja, elaborando ferramentas de orixás e esculturas diversas.

Ilê Axipá: MAXODI – Salvador (BA), 1966

Núcleo Baobá

Jurandy Sobrinho, ou MAXODI, foi iniciado no culto dos orixás e Egunguns quando criança. Em 1991 iniciou como sacerdote do culto dos ancestrais Egungun Ojé Maxodí no Ilê Asipá, e em 1996 foi titulado no Ilê Axé Opô Afonjá como Ogã de Oyá e filho de Oyá. Ao longo dessas décadas, vivenciou e foi forjado na cultura e na arte afro-brasileira, participando diretamente da criação e construção da artesania dos figurinos, cenários e adereços de diversas manifestações culturais e artísticas: contos, autos coreográficos e shows.

Ilê Axipá: Otun Elebogi – Feira de Santana (BA), 1977

Núcleo Baobá

Otun Elebogi n’Ílê Asipà – esse é um título antigo no terreiro, cujo titular é Marco Aurélio Luz. “Elebogi” significa o “adorador de árvores”, aquele que cultua a ancestralidade. Apresenta uma produção utilizando de multimídia, trabalha os temas de: corpo, imagem, dança, coletividade e mistério, traçando um contraponto com o artista do mesmo coletivo: Leo França.

Ilê Axipá: Petinho – Salvador (BA), 1978

Núcleo Baobá

Peterson Freitas, ou Petinho, é artista-sacerdote Ojubale. Trabalha com esculturas em palha, madeira, argila e concreto. Oriundo do núcleo da juventude Asipá, participou de inúmeros projetos desenvolvidos pela e da Sociedade Religiosa do Ilê Axé Opô Afonjá e pela Sociedade de Estudos da Cultura Negra no Brasil (Secneb), onde ingressou como assistente administrativo e tomou parte ativamente das inúmeras ações e projetos da entidade até 2007.

Lázaro Roberto – Zumví Arquivo Afro Fotográfico – Salvador (BA), 1958

Núcleo Organização Já

Fotógrafo e arte educador, começou a fotografar nos anos 1970. Em 1990, foi cofundador do Zumví Arquivo Afro Fotográfico, uma associação de fotógrafos negros, ainda em atividade. Produziu exposições e participou de festivais de cinema em diferentes estados brasileiros. Seu trabalho com o Zumví mantém ativo o compromisso de 40 décadas com a documentação e preservação da memória e da cultura afro-brasileira, em registros que mantêm um “quilombo visual” para a posterioridade.

Louco Filho – Muritiba (BA), 1961

Núcleo Romper

Celestino Gama da Silva, ou Louco Filho, nasceu como artista seguindo os rastros do pai, que também precede seu título de “Louco” e ensinou aos filhos o ofício que exercia. Partindo da ideia de comercializar cachimbos, desenvolve suas ideias utilizando o entalhe, que vão crescendo e tomando novas formas, sempre em madeira de lei – jacarandá, vinhático, sucupira e jaqueira. Despontam de suas obras temas que atravessam o cristianismo e signos atrelados à experiência afro-brasileira.

Lucélia Maciel – Morro do Chapéu (BA), 1975

Núcleo Baobá

Graduada no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mora em Goiânia e trabalha como assistente de arte no projeto Sertão Negro. Traz na centralidade da poética de sua produção, a lamparina, na junção com a fotografia, e a escultura, entre outros objetos, nos quais explora, por meio das metáforas, temas que perpassam as questões étnicas, sociais e de gênero.

Luiz Marcelo – Pilão Arcado (BA), 1989

Núcleo Baobá

Artista Visual, performer, graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Luiz Marcelo busca em sua poética, pautar as discussões sobre o racismo e a exclusão social da população negra e indígena brasileira, contrapondo-as a um modelo de produção artística eurocêntrica e colonialista, que se perpetua no ensino artístico tradicional.

Madalena Santos Reinbolt  Vitória da Conquista (BA), 1919 – Petrópolis (RJ), 1977

Núcleo Amefricanas

Cresceu em uma pequena fazenda com sua família em Vitória da Conquista (BA), onde, ainda na infância, teve seus primeiros contatos com o bordado, a tecelagem, a cerâmica e a pintura. Sem educação formal, deixou a Bahia por volta dos 20 anos de idade para trabalhar como empregada doméstica em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Petrópolis. Retratava cenas rurais reminiscentes de sua infância no interior da Bahia. Em uma celebração de cores e relevos compostos pelos fios, deu vida às imagens e imaginações que mediam entre sociedade e natureza.

Manuel Querino – Santo Amaro (BA), 1851 – Salvador (BA), 1923

Núcleo Romper

Perdendo seus pais no início da infância, foi acolhido por uma amiga da família, que podia lhe conceder conforto. Assim, pelas possibilidades suscitadas por sua tutela, formou-se no ofício de pintor. Recrutado para a Guerra do Paraguai, trabalhou como escriba de seu batalhão. Posteriormente, retornou à Bahia, onde passou a trabalhar como pintor e estudar humanidades, no então recém-criado Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Atuou na política abolicionista. Em suas obras, mostra-se pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana.

Mestre Didi – Salvador (BA), 1917-2013

Núcleo Baobá

Deoscóredes Maximiliano dos Santos, ou Mestre Didi, foi um escultor, escritor e sacerdote. Publicou diversos livros sobre a cultura afro-brasileira, e foi também, fundador e presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun. Em sua produção, Mestre Didi manipulou materiais, formas e objetos, referenciando o culto aos orixás.

Nádia Taquary  Salvador (BA), 1967

Núcleo Baobá

É graduada em Letras Vernáculas e especializou-se em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seu trabalho integra acervos como Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Pérez Art Museum (Miami), entre outros. Em suas esculturas, instalações e videoinstalações, investiga a presença do feminino negro no Brasil e seu legado ancestral na construção histórica e sagrada da cultura afro-brasileira.

Rebeca Carapiá  Salvador (BA), 1988

Núcleo Negro Vida

Artista visual mestranda pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), conta com trabalhos no acervo da Pinacoteca de São Paulo, além da participação em exposições no Museu de Arte do Rio, Instituto Tomie Ohtake, Lunds Konsthall (Suécia), entre outras. Sua pesquisa utiliza-se da escultura, cobre sobre tela, textos, objetos, gravuras e instalações para discorrer sobre as relações produzidas entre a linguagem, o corpo, o conflito e o território.

Rommulo Vieira Conceição  Salvador (BA), 1968

Núcleo Negro Vida

Residindo em Porto Alegre desde 2000, é mestre em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui obras em importantes acervos, como os da Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Instituto Inhotim, além de importantes prêmios, como o Marcantonio Vilaça – Funarte 2012. Seu trabalho explora as sutilezas entre o espaço físico e as relações do corpo e do espaço, por meio de linguagens como a fotografia, a escultura, o desenho e grandes instalações.

Rubem Valentim  Salvador (BA), 1922 – São Paulo (SP), 1991

Núcleo Baobá

Importante escultor, pintor e gravurista, sua obra participou de importantes exposições pelo mundo e integra acervos como o do Instituto Inhotim, do Centre Pompidou (França), da Tate Modern (Inglaterra), entre outros. Estudou Odontologia e Jornalismo e participou do processo de renovação da arte baiana, junto aos artistas do Caderno da Bahia, no final dos anos 1940. Cresceu em contato com o sincretismo religioso, em especial com as manifestações do candomblé, cujos signos estão presentes em sua obra a partir dos anos 1950.

Tiago Sant’Ana – Salvador (BA), 1990

Núcleo Romper

Artista visual e curador, é doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi premiado com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles e conta com trabalhos em importantes acervos, como o do Museu de Arte Moderna da Bahia, do Instituto Moreira Salles e do Denver Art Museum (EUA), entre outros. A partir das dinâmicas da produção de memória e história, investiga as tensões e representações das identidades afro-brasileiras.

Uiler Costa-Santos  Salvador (BA), 1983

Núcleo Negro Vida

Artista visual e educador, ministra diversos cursos de formação em Fotografia, sua principal linguagem de pesquisa. Festivais de fotografia, exposições individuais e coletivas fazem parte de seu currículo, como a Bienal de Fotografia de Bamako (Mali). A partir de seu encantamento pela paisagem, toma a imagem como campos de imaginação político-geográfica, proporcionando experiências de percepção do sensível por meio da abstração.

Ventura Profana – Salvador (BA), 1993

Núcleo Organização Já

Multiartista, profetiza a multiplicação e abundância da vida negra, indígena e travesti. Participou do 30° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo e do 7° Bolsa Pampulha. Tensiona as metodologias do evangelicalismo no Brasil e no exterior, por meio das práticas presentes em igrejas neopentecostais. É pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual.

Yêdamaria  Salvador (BA), 1932-2016

Núcleo Amefricanas

Artista e professora, foi a primeira aluna negra da Universidade Federal da Bahia (UFBA) a conquistar uma bolsa de intercâmbio para realizar seu mestrado, em 1979, na Art Studio da Universidade Estadual de Illinois (EUA), instituição que também adquiriu alguns trabalhos seus. Sua obra integra acervos como o do Museu de Arte da Bahia e do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo. Com lirismo e refinamento, suas pinturas e gravuras são povoadas por embarcações, sereias, Iemanjás e naturezas-mortas, além de trazerem um olhar atento à abstração e nova figuração.


Artistas baianos participam da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, exposição dedicada à produção de artistas negros, em São Paulo

O estado da Bahia estará representado por 40 artistas naexposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro,a mais abrangentemostra dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país. Com abertura agendada para o dia 02 de agosto, no Sesc Belenzinho,em São Paulo, a mostraparte da premissa de dar luz à centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares.

Com curadoria assinada por Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos, Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, apresentará ao público obras de cerca de 240 artistas negros – entre homens e mulheres cis e trans, de todos os Estados do Brasil – em diversas linguagens como pinturafotografia, esculturainstalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI.

“Como uma instituição que tem na diversidade uma de suas principais marcas, o Sesc busca por meio de suas ações dar voz aos mais diversos segmentos sociais, estimulando o debate e ajudando a registrar a história e cultura de nosso povo em toda sua abrangência e riqueza. Dentro dessas premissas, o projeto Dos Brasis lançou um olhar aprofundado sobre a produção artística afro-brasileira e sua presença na construção da história da arte no Brasil. Um trabalho que contou com nossos analistas de cultura em todo o país, em um grande alinhamento nacional. A exposição Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro é a culminância desse processo e oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, com também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, disse o Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

Trajetória – A ideia nasceu em 2018, um projeto de pesquisa fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. A partir de 2024 uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos.

Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas.

A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira.

A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística online intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.

Núcleos – A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição de arte negra, não caberá a junção formal, estilística ou estética.

Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legítima Defesa e Baobá, que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz NascimentoEmanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.

EXPOSIÇÃO DOS BRASIS – ARTE E PENSAMENTO NEGRO

Da Bahia

Acervo da Laje: Bruno Costa – Santa Inês (BA), 1985; César Bahia – Salvador (BA), 1964; Fernando Queiróz – Salvador (BA), 1972; Ivana Magalhães – Salvador (BA), 1974; José Eduardo Ferreira Santos – Salvador (BA), 1974; Vilma Santos – Salvador (BA), 1968; Nailson – Alagoinhas (BA); Paulo Telles – Salvador (BA), 1983; Ray Bahia – Salvador (BA), 1954; Zaca Oliveira – Salvador (BA), 1970

O Acervo da Laje é uma organização cultural, museu e escola, que desde 2011 promove a pesquisa no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foi iniciado com o pesquisador José Eduardo Ferreira dos Santos, enquanto mapeava os artistas da região, com o auxílio do fotógrafo Marco Illuminati. Hoje, José Eduardo e a esposa, Vilma Santos, mantêm juntos o museu. A multiplicidade de linguagens que constitui atualmente o Acervo da Laje desafia qualquer hierarquia de estilos ou gêneros.

Anderson AC – Salvador (BA), 1979

Núcleo Negro Vida

O artista participou do coletivo de grafite 071 Crew, que realizou várias intervenções urbanas na cidade durante os anos 2000. A partir de 2007, começou a expor em mostras coletivas e, posteriormente, em individuais. Anderson apropria-se de fragmentos de tela, tecidos e livros como ponto de partida de seus trabalhos, e esses objetos tornam-se elementos de discussão sobre temporalidades e suas conexões, a partir da intervenção pictórica e têxtil que o artista elabora.

Annia Rizia – Salvador (BA), 1992

Núcleo Romper

Annia Rizia foi premiada em 2022 em duas instituições de arte no exterior. A produção escultórica da artista reinterpreta máscaras africanas, como as Mwana Pwo, partindo da estética contemporânea da juventude preta e periférica dos centros urbanos do Brasil. O resgate da arte africana e os adereços da negritude brasileira criam um elo que desafia temporalidades impostas pela história da arte eurocêntrica.

Antonio Tarsis – Salvador (BA), 1995

Núcleo Negro Vida

O artista realizou exposições no Brasil e no exterior, tais como Symbolic Genocide, em Londres, e Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros, no Instituto Moreira Salles Paulista (IMS). O exercício diário de coletar caixas de fósforo, pedaços de papelão e latas de tinta impulsiona sua produção. A colagem e a sobreposição de elementos unem a escolha formal e a pesquisa histórico-social. A crítica do seu trabalho é elaborada pela experiência no processo artístico e pela percepção da paisagem em seu entorno.

Augusto Leal – Simões Filho (BA), 1987

Núcleo Legítima Defesa

Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e graduado em Desenho Industrial pela mesma instituição, Augusto Leal entende a arte como ferramenta de comunicação com as massas. Apropria-se dos elementos comuns aos jogos e brincadeiras, bem como da linguagem das sinalizações urbanas, para promover a participação do público em seus trabalhos, o que nos faz refletir sobre a forma como nos relacionamos entre nós e com a cidade, tensionando assim as relações geopolíticas e de estruturas de poder.

Ayrson Heráclito – Macaúbas (BA), 1968

Núcleo Organização Já

Ayrson Heráclito é um Ogã Sojatin do Jeje Mahi, em Salvador, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), artista visual e curador. Praticante do candomblé há mais de 20 anos, entende a arte como processo de cura. Em trabalhos que transitam entre fotografia, instalação, audiovisual e performance, lida com os elementos da cultura afro-brasileira em conexão com a África. Também fazem parte de sua produção os alimentos da cultura baiana, como açúcar, charque e dendê.

Emanoel Araújo Santo Amaro da Purificação (BA), 1940 – São Paulo (SP), 2022

Núcleo Baobá

Emanoel Araújo foi uma figura multidisciplinar nas artes visuais. Na década de 1960, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), período em que produziu seus cartazes, cenários e ilustrações que caracterizaram sua primeira produção. Participou de eventos importantes para a arte negra, como a Festac 77, e foi curador da exposição A mão afro-brasileira (1988), no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Entre 1992 e 2002, foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2004, fundou o Museu Afro-Brasil, onde foi diretor e curador até o ano de sua morte. O vigor de sua ampla produção está contido nas texturas, cores e formas geométricas, em diálogo com a herança africana na cultura brasileira.

Eneida Sanches – Salvador (BA), 1962

Núcleo Negro Vida

Eneida Sanchez formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1990. Com o religioso Gilmar Conceição, aprendeu a usar o latão e o cobre para fazer ferramentas de orixás. Coordenou a Galeria ACBEU (Salvador, BA) entre 2002 e 2009. Sua vasta produção em linguagem gira em torno da iconografia do candomblé, e o conceito de transe como fenômeno religioso aparece em muitos de seus trabalhos.

Gilberto Filho – Cachoeira (BA), 1953

Núcleo Baobá

Escultor, seus estudos e experimentações têm origem na carpintaria, na marcenaria de esquadrias e na especialização em móveis rústicos, de onde provém a natureza de sua produção: esculturas que representam edifícios arquitetônicos, com ênfase em edifícios religiosos, utilizando madeira e prego e outros objetos à disposição. O artista enfatiza que a imaginação e a criatividade são elementos essenciais em sua produção, e que ele encontra na interação com a madeira.

Ilê Axipá: André Otun Laran  Valença (BA), 1994

Núcleo Baobá

André Luís Miguel Brasil Sant’Anna, filho do escritor e sacerdote José Sant’Anna, autor do livro “Terreiros Egungun Um Culto Ancestral afro-brasileiro”, é artista sacerdote Otun Laran n’ile Asipa, onde, por gerações, sua família tradicional de matriz africana cultua os ancestrais. Integra a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá – ou Terreiro Ilé Axé Asìpá -, que se encontra em Piatã, Salvador (BA), fundada em 1980 por Mestre Didi Axipá, supremo sacerdote do Culto aos Egunguns da qual foi presidente.

Ilê Axipá: Antônio Oloxedê – Salvador (BA), 1967

Núcleo Baobá

Artista e sacerdote do culto de Baba Egun no Ilê Asipá, é Osi Alagba (mestre dos rituais a Ogum: orixá das lutas, dono das ferramentas e inovações). Em sua produção, emprega elementos do imagético iorubaiano na reinterpretação de ferramentas de tradição milenar no culto dos orixás e ancestrais da África Negra, mesclando ancestralidade ritual, tradição e contemporaneidade.

Ilê Axipá: Edivaldo Bolagi – Salvador (BA), 1970

Núcleo Baobá

Artista, carnavalesco, gestor e produtor cultural, colaborador do Fórum Permanente de Artes e Tradições Populares (Forpop) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Edivaldo Bolagi, compôs a equipe de assessoria do gabinete de secretário de Cultura no Estado da Bahia, no período de 2007 a 2011, entre muitas de suas missões, foi coordenador do Programa Carnaval Ouro Negro e do Projeto Carnaval Pipoca, de 2008 a 2011.

Ilê Axipá: LABI – Salvador (BA), 1968

Núcleo Baobá

Artista-sacerdote, Wellington Mendes, ou LABI, tem sua trajetória marcada pela convivência com as matriarcas e os sacerdotes do terreiro Ilê Axé Apô Afonjá, no qual é Ogã. Labi também foi iniciado no culto dos Egunguns, em que ocupa cargo de Ojixé Alapin (secretário espiritual). Fez parte do núcleo de crianças e jovens da comunidade Obá Biyi, liderada por seu Mestre Didi. Ojé é filho de Ogum, e carrega a tradição da forja, elaborando ferramentas de orixás e esculturas diversas.

Ilê Axipá: MAXODI – Salvador (BA), 1966

Núcleo Baobá

Jurandy Sobrinho, ou MAXODI, foi iniciado no culto dos orixás e Egunguns quando criança. Em 1991 iniciou como sacerdote do culto dos ancestrais Egungun Ojé Maxodí no Ilê Asipá, e em 1996 foi titulado no Ilê Axé Opô Afonjá como Ogã de Oyá e filho de Oyá. Ao longo dessas décadas, vivenciou e foi forjado na cultura e na arte afro-brasileira, participando diretamente da criação e construção da artesania dos figurinos, cenários e adereços de diversas manifestações culturais e artísticas: contos, autos coreográficos e shows.

Ilê Axipá: Otun Elebogi – Feira de Santana (BA), 1977

Núcleo Baobá

Otun Elebogi n’Ílê Asipà – esse é um título antigo no terreiro, cujo titular é Marco Aurélio Luz. “Elebogi” significa o “adorador de árvores”, aquele que cultua a ancestralidade. Apresenta uma produção utilizando de multimídia, trabalha os temas de: corpo, imagem, dança, coletividade e mistério, traçando um contraponto com o artista do mesmo coletivo: Leo França.

Ilê Axipá: Petinho – Salvador (BA), 1978

Núcleo Baobá

Peterson Freitas, ou Petinho, é artista-sacerdote Ojubale. Trabalha com esculturas em palha, madeira, argila e concreto. Oriundo do núcleo da juventude Asipá, participou de inúmeros projetos desenvolvidos pela e da Sociedade Religiosa do Ilê Axé Opô Afonjá e pela Sociedade de Estudos da Cultura Negra no Brasil (Secneb), onde ingressou como assistente administrativo e tomou parte ativamente das inúmeras ações e projetos da entidade até 2007.

Lázaro Roberto – Zumví Arquivo Afro Fotográfico – Salvador (BA), 1958

Núcleo Organização Já

Fotógrafo e arte educador, começou a fotografar nos anos 1970. Em 1990, foi cofundador do Zumví Arquivo Afro Fotográfico, uma associação de fotógrafos negros, ainda em atividade. Produziu exposições e participou de festivais de cinema em diferentes estados brasileiros. Seu trabalho com o Zumví mantém ativo o compromisso de 40 décadas com a documentação e preservação da memória e da cultura afro-brasileira, em registros que mantêm um “quilombo visual” para a posterioridade.

Louco Filho – Muritiba (BA), 1961

Núcleo Romper

Celestino Gama da Silva, ou Louco Filho, nasceu como artista seguindo os rastros do pai, que também precede seu título de “Louco” e ensinou aos filhos o ofício que exercia. Partindo da ideia de comercializar cachimbos, desenvolve suas ideias utilizando o entalhe, que vão crescendo e tomando novas formas, sempre em madeira de lei – jacarandá, vinhático, sucupira e jaqueira. Despontam de suas obras temas que atravessam o cristianismo e signos atrelados à experiência afro-brasileira.

Lucélia Maciel – Morro do Chapéu (BA), 1975

Núcleo Baobá

Graduada no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mora em Goiânia e trabalha como assistente de arte no projeto Sertão Negro. Traz na centralidade da poética de sua produção, a lamparina, na junção com a fotografia, e a escultura, entre outros objetos, nos quais explora, por meio das metáforas, temas que perpassam as questões étnicas, sociais e de gênero.

Luiz Marcelo – Pilão Arcado (BA), 1989

Núcleo Baobá

Artista Visual, performer, graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Luiz Marcelo busca em sua poética, pautar as discussões sobre o racismo e a exclusão social da população negra e indígena brasileira, contrapondo-as a um modelo de produção artística eurocêntrica e colonialista, que se perpetua no ensino artístico tradicional.

Madalena Santos Reinbolt  Vitória da Conquista (BA), 1919 – Petrópolis (RJ), 1977

Núcleo Amefricanas

Cresceu em uma pequena fazenda com sua família em Vitória da Conquista (BA), onde, ainda na infância, teve seus primeiros contatos com o bordado, a tecelagem, a cerâmica e a pintura. Sem educação formal, deixou a Bahia por volta dos 20 anos de idade para trabalhar como empregada doméstica em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Petrópolis. Retratava cenas rurais reminiscentes de sua infância no interior da Bahia. Em uma celebração de cores e relevos compostos pelos fios, deu vida às imagens e imaginações que mediam entre sociedade e natureza.

Manuel Querino – Santo Amaro (BA), 1851 – Salvador (BA), 1923

Núcleo Romper

Perdendo seus pais no início da infância, foi acolhido por uma amiga da família, que podia lhe conceder conforto. Assim, pelas possibilidades suscitadas por sua tutela, formou-se no ofício de pintor. Recrutado para a Guerra do Paraguai, trabalhou como escriba de seu batalhão. Posteriormente, retornou à Bahia, onde passou a trabalhar como pintor e estudar humanidades, no então recém-criado Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Atuou na política abolicionista. Em suas obras, mostra-se pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana.

Mestre Didi – Salvador (BA), 1917-2013

Núcleo Baobá

Deoscóredes Maximiliano dos Santos, ou Mestre Didi, foi um escultor, escritor e sacerdote. Publicou diversos livros sobre a cultura afro-brasileira, e foi também, fundador e presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun. Em sua produção, Mestre Didi manipulou materiais, formas e objetos, referenciando o culto aos orixás.

Nádia Taquary  Salvador (BA), 1967

Núcleo Baobá

É graduada em Letras Vernáculas e especializou-se em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seu trabalho integra acervos como Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Pérez Art Museum (Miami), entre outros. Em suas esculturas, instalações e videoinstalações, investiga a presença do feminino negro no Brasil e seu legado ancestral na construção histórica e sagrada da cultura afro-brasileira.

Rebeca Carapiá  Salvador (BA), 1988

Núcleo Negro Vida

Artista visual mestranda pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), conta com trabalhos no acervo da Pinacoteca de São Paulo, além da participação em exposições no Museu de Arte do Rio, Instituto Tomie Ohtake, Lunds Konsthall (Suécia), entre outras. Sua pesquisa utiliza-se da escultura, cobre sobre tela, textos, objetos, gravuras e instalações para discorrer sobre as relações produzidas entre a linguagem, o corpo, o conflito e o território.

Rommulo Vieira Conceição  Salvador (BA), 1968

Núcleo Negro Vida

Residindo em Porto Alegre desde 2000, é mestre em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui obras em importantes acervos, como os da Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Instituto Inhotim, além de importantes prêmios, como o Marcantonio Vilaça – Funarte 2012. Seu trabalho explora as sutilezas entre o espaço físico e as relações do corpo e do espaço, por meio de linguagens como a fotografia, a escultura, o desenho e grandes instalações.

Rubem Valentim  Salvador (BA), 1922 – São Paulo (SP), 1991

Núcleo Baobá

Importante escultor, pintor e gravurista, sua obra participou de importantes exposições pelo mundo e integra acervos como o do Instituto Inhotim, do Centre Pompidou (França), da Tate Modern (Inglaterra), entre outros. Estudou Odontologia e Jornalismo e participou do processo de renovação da arte baiana, junto aos artistas do Caderno da Bahia, no final dos anos 1940. Cresceu em contato com o sincretismo religioso, em especial com as manifestações do candomblé, cujos signos estão presentes em sua obra a partir dos anos 1950.

Tiago Sant’Ana – Salvador (BA), 1990

Núcleo Romper

Artista visual e curador, é doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi premiado com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles e conta com trabalhos em importantes acervos, como o do Museu de Arte Moderna da Bahia, do Instituto Moreira Salles e do Denver Art Museum (EUA), entre outros. A partir das dinâmicas da produção de memória e história, investiga as tensões e representações das identidades afro-brasileiras.

Uiler Costa-Santos  Salvador (BA), 1983

Núcleo Negro Vida

Artista visual e educador, ministra diversos cursos de formação em Fotografia, sua principal linguagem de pesquisa. Festivais de fotografia, exposições individuais e coletivas fazem parte de seu currículo, como a Bienal de Fotografia de Bamako (Mali). A partir de seu encantamento pela paisagem, toma a imagem como campos de imaginação político-geográfica, proporcionando experiências de percepção do sensível por meio da abstração.

Ventura Profana – Salvador (BA), 1993

Núcleo Organização Já

Multiartista, profetiza a multiplicação e abundância da vida negra, indígena e travesti. Participou do 30° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo e do 7° Bolsa Pampulha. Tensiona as metodologias do evangelicalismo no Brasil e no exterior, por meio das práticas presentes em igrejas neopentecostais. É pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual.

Yêdamaria  Salvador (BA), 1932-2016

Núcleo Amefricanas

Artista e professora, foi a primeira aluna negra da Universidade Federal da Bahia (UFBA) a conquistar uma bolsa de intercâmbio para realizar seu mestrado, em 1979, na Art Studio da Universidade Estadual de Illinois (EUA), instituição que também adquiriu alguns trabalhos seus. Sua obra integra acervos como o do Museu de Arte da Bahia e do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo. Com lirismo e refinamento, suas pinturas e gravuras são povoadas por embarcações, sereias, Iemanjás e naturezas-mortas, além de trazerem um olhar atento à abstração e nova figuração.