As misteriosas Linhas de Nazca – Peru

 


A cultura Nazca floresceu aproximadamente em 100 a.C e dominou o deserto ao sul do atual Peru por mais 900 anos. Este antigo povo, versado na arquitetura e na astronomia deixou sobre (e sob) as areias do deserto, obras que resistiram ao tempo. O clima seco, a ausência de chuvas e os ventos amenos preservaram vários sítios arqueológicos importantes como, por exemplo, Cahuachi, a capital do império Nazca. Nestas ruínas recém descobertas é possível encontrar pirâmides, palácios e depósitos de alimentos.

Vivendo em uma região tão seca, os Nazca logo descobriram que a água não corria por cima da terra e sim através de lençóis freáticos. Com muita técnica construíram aquedutos subterrâneos captando a água que descia das serras e as conduzindo para suas plantações. Estes túneis foram construídos com pedras e cobertos por uma madeira muito dura chamada Huarango. Madeira tão resistente que continua no mesmo lugar até hoje, sem apodrecer. Para manter os canais abertos os Nazcas construíram poços de manutenção em forma de espiral, facilitando assim o acesso aos túneis. Alguns têm até 12 metros de diâmetro e cerca de 5 metros de profundidade.

Apesar das grandes obras mencionadas, a herança mais famosa dos Nazcas é sem dúvida os desenhos que se estendem por dezenas de quilômetros sobre o deserto que foram feitos a cerca de 1.500 anos atrás. As linhas e figuras geométricas têm até 20 km de comprimento e ultrapassam a planície subindo e descendo montanhas. São perfeitamente retas e muitas delas se cruzam entre si.

Ninguém sabe ao certo por que foram feitas, mas a teoria mais aceita é que elas apontavam para fontes de água e para as posições de estrelas em diferentes épocas do ano. Os desenhos são geralmente menores (de 10 a 300 metros) e estão espalhados entre as linhas. Parecem representar as constelações celestes. Elas são desenhadas uma única linha contínua, como se fosse um fio desenrolado sobre o chão. Muitos estudiosos crêem que os desenhos eram usados em rituais de adoração e sobre eles os adoradores caminhavam em procissão homem após homem. Quando faziam isto, tornavam as linhas mais profundas e marcantes, agradando assim a seus deuses.


Você pode aproximar-se de alguns desenhos por terra e observá-los de uma torre na estrada antes de chegar a Nazca. Mas, sem dúvida, a melhor maneira de se observar as linhas é pelo ar. Do aeroporto local saem vôos constantes que sobrevoam toda a Pampa de San José, em passeios de 30 minutos. Tempo suficiente para observas os principais desenhos e se tem uma real Idea do tamanho desta obra. Recomendo voar bem cedo ou no final da tarde para evitar a turbulência.

As linhas de Nazca foram descobertas no começo do século 20, quando os primeiros vôos atravessaram a região, mas, só foram realmente estudadas com a chegada da matemática alemã, Maria Reiche na década de 1950. Ela dedicou quase 50 anos de sua vida ao estudo, preservação e divulgação deste impressionante sítio arqueológico. No inicio, ela vinha sozinha, onde passava vários dias no deserto fazendo medições e limpando as linhas com uma vassoura. O povo da cidade não entendia o que ela estava fazendo e a apelidaram de “Gringa Loca” por estar sempre varrendo a areia. Seu empenho e persistência foram recompensados. No final da sua vida ela já era reconhecida mundialmente como a “Dama das linhas” e considerada uma verdadeira heroína pelo povo peruano e pela população local. Sua pequena casa no deserto se converteu em um museu e varias ruas, prédios e até o aeroporto de Nazca levam seu nome.

Foi ela que desenvolveu a teoria de que as linhas são um grande mapa astronômico representando constelações e marcando os movimentos dos astros. Seus últimos anos foram passados no Hotel Nazca Lines que lhe cedeu um apartamento. Hoje, o hotel possui um pequeno planetário onde todas as noites são feitas projeções sobre as linhas e o trabalho de Maria Reiche.

Não podemos deixar Nazca sem mencionar a necrópole de Chauchilla, também conhecida como cemitério de múmias. Nesta planície extremamente árida os Nazcas, e depois a cultura Ica-Chincha, depositaram seus mortos na forma de múmias, todos envoltos em ricos tecidos e cercados por seus bens, cerâmicas e jóias. Infelizmente os ladrões de tumbas (Huequeros em espanhol) chegaram antes dos arqueólogos e todas as tumbas foram profanadas. Com isto, a maioria dos tesouros se perdeu e o que sobrou foram ossadas e tecidos espalhados por todo o vale. Os arqueólogos reuniram o que puderam e colocaram novamente nas tumbas, mas muitos ossos, tecidos e pedaços de cerâmica continuam espalhados pela areia. Hoje Chauchilla é o único museu de múmias a céu aberto no mundo.


* Peter Goldschmidt é membro da Família Goldschmidt que desde 1999 viaja pelo mundo descobrindo e divulgando novos roteiros turísticos. É também diretor da agência de turismo Gold Trip.  www.goldtrip.com.br – (11) 4411-8254

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