Bahia é o estado que mais perdeu população por migração ao longo do tempo

Bahia é o estado que mais perdeu população por migração ao longo do tempo, mas fluxo de saída caiu 82,5%, entre 2010 e 2022
** Em 2022, 3,4 milhões de pessoas nascidas na Bahia moravam em outras unidades da Federação, enquanto 962 mil pessoas nascidas em outras unidades da Federação moravam na Bahia;
** O saldo migratório negativo da Bahia, de menos 2,4 milhões de pessoas naturais morando no estado, era o maior do Brasil e equivalia a 17,1% da população baiana;
** Em 2022, São Paulo mantinha a maior população baiana fora da Bahia (1,8 milhão de pessoas); mulheres eram maioria (53,2%) entre quem havia deixado o estado;
** Taxa líquida de migração da Bahia em 2022 (-0,29%) foi 1/5 da registrada em 2010 (-1,69%), e perda populacional por migração recente caiu 82,5% nesse período;
** Entre 2010 e 2022, Rio de Janeiro sai e Santa Catarina entra no ranking de estados que mais receberam migrantes recentes da Bahia;
** Entre 2010 e 2022, o número de estrangeiros morando na Bahia aumentou 26,0%, o menor crescimento percentual entre os estados, chegando a 16,7 mil (0,1% da população baiana);
** O total de pessoas estrangeiras que moram no Brasil teve um salto entre os Censos de 2010 e 2022, de 592.448 para 1.009.341, num crescimento de 70,3%;
** Formosa do Rio Preto (2,1%), Cairu (1,5%) e Palmeiras (1,3%) eram, em 2022, os municípios baianos com maiores participações de estrangeiros na população;
** Entre 2017 e 2022, 7.839 pessoas saíram de países estrangeiros para morar na Bahia; 3 em cada 10 delas vieram da Argentina, Venezuela e Bolívia;
** Essas e outras informações sobre Migração são do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022, única pesquisa estatística nacional que investiga o tema. Conheça e explore os dados do Censo 2022 no site https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/
Em 2022, segundo o Censo Demográfico, a Bahia tinha a maior perda de população natural do estado por migração de saída. Naquele ano, 3.381.107 pessoas nascidas na Bahia moravam em outras unidades da Federação, enquanto 961.896 pessoas nascidas em outras unidades da Federação moravam na Bahia. O saldo negativo era de 2.419.211 baianos por nascimento que haviam deixado o estado em algum momento da vida e moravam em outro lugar do Brasil. Era o maior contingente do país e correspondia a 17,1% da população recenseada na Bahia.
Das 27 unidades da Federação, 13 tinham saldos negativos de migração de pessoas naturais em 2022, ou seja, registraram, ao longo do tempo, um movimento de saída de população mais intenso do que o de entrada, incluindo os 9 estados do Nordeste.
Depois da Bahia, Minas Gerais tinha o 2º saldo mais negativo: 1,752 milhão de pessoas naturais do estado viviam em outras unidades da Federação, em 2022. Em seguida, vinha Pernambuco, com 1,363 milhão.
No outro extremo, São Paulo continuava com o maior número de pessoas naturais de outros estados na sua população, apresentando um saldo positivo de 5,701 milhões de habitantes que não eram paulistas. Goiás ficava na 2ª posição, com 1,280 milhão de habitantes naturais de outros estados, e Santa Catarina vinha em seguida, com 1,115 milhão de habitantes nascidos em outros estados.
Entre 2010 e 2022, tanto o estoque de emigrantes quanto o de imigrantes cresceram na Bahia, mas o aumento foi mais intenso entre os que deixaram o estado, por isso o saldo migratório negativo (menos 2,4 milhões de pessoas) ficou ainda maior do que era em 2010 (menos 2,2 milhões de pessoas), quando havia se reduzido um pouco frente a 2000 (menos 2,3 milhões de pessoas).
São Paulo mantém a maior população baiana fora da Bahia (1,8 milhão de pessoas), mulheres são maioria (53,2%) entre quem deixou o estado
Em 2022, as mulheres eram maioria entre as pessoas naturais da Bahia que moravam em outras unidades da Federação, representando 53,2% do total bruto, ou 1,798 milhão dos 3,381 milhões de emigrantes. A participação feminina entre as pessoas que haviam deixado a Bahia era maior do que no total de habitantes do estado, onde as mulheres eram 51,7%.
Os cinco estados brasileiros com as maiores populações de migrantes baianos se mantêm os mesmos desde o Censo 2000, embora tenha havido troca de posições entre alguns deles. Em 2022, esse grupo concentrava 8 em cada 10 pessoas naturais da Bahia que haviam deixado o estado: 2,655 milhões ou 78,5% do total.
São Paulo, é, desde pelo menos 1991, a unidade da Federação com a maior população baiana fora da Bahia. Em 2022, 1,840 milhão de pessoas naturais da Bahia, ou 54,4% de todos os emigrantes baianos, viviam no estado.
Em seguida, mas num patamar muito inferior, vinha Goiás, que desde 2010 tem a 2ª maior população baiana fora da Bahia, abrigando, em 2022, 243.364 pessoas naturais do estado. Em 2022, Minas Gerais passou a ter a 3ª maior população baiana fora da Bahia, 221.005 pessoas. Superou, assim, o Rio de Janeiro, que era o 2º principal destino dos baianos em 1991 e 2000, o 3º em 2010 e ficou em 4º lugar em 2022 (com 177.789 pessoas naturais da Bahia na sua população). Por fim, o Espírito Santo manteve, em 2022, a 5ª maior população de migrantes baianos (172.828 pessoas), posto que ocupa desde o Censo de 2000.
São Paulo também era, por sua vez, a origem do maior número de pessoas não naturais da Bahia que moravam no estado em 2022: 262.593. São Paulo ocupa essa posição desde o Censo 2000, quando superou Pernambuco, que se manteve em 2º lugar em 2022, com 131.687 pernambucanos vivendo na Bahia. Minas Gerais (118.873 pessoas) e Sergipe (78.621 pessoas) ficavam em 3º e 4º lugares respectivamente, situação que se mantém desde 2000. Em 2022, o Rio de Janeiro passou a ter a 5ª maior população de pessoas não naturais da Bahia morando no estado (45.907), superando o Ceará.
Essas cinco unidades da Federação concentravam 7 em cada 10 pessoas não naturais da Bahia que moravam no estado, em 2022: 673.681 ou 66,7% do total.
Taxa líquida de migração da Bahia em 2022 (-0,29%) foi 1/5 da registrada em 2010 (-1,69%), e perda populacional por saída recente caiu 82,5%
Embora a Bahia tenha a maior perda de população natural por migração, ou seja, o maior número de pessoas que nasceram no estado, mas se mudaram em algum momento da vida e moravam em outro lugar em 2022, o fluxo migratório recente de saída diminuiu de forma expressiva entre os Censos de 2010 e 2022.
Nos cinco anos antes do Censo 2022 (entre julho de 2017 e julho de 2022), 327.323 pessoas que moravam na Bahia (fossem elas naturais do estado ou não) migraram para outras unidades da Federação, enquanto 285.774 pessoas que moravam em outros estados se mudaram para a Bahia.
O saldo migratório recente é negativo, indicando uma perda de 41.549 moradores por migração nos cinco anos anteriores ao Censo, numa taxa líquida de migração de -0,29% (proporção do saldo migratório em relação à população total).
Considerando esse período mais recente, a Bahia tem, porém, apenas o 9º saldo migratório mais negativo (-41.549 pessoas) e a 14ª menor taxa líquida de migração (-0,29%). As maiores perdas populacionais por migração recente ocorreram em Rio de Janeiro (-165.360 pessoas), Maranhão (-129.228) e Distrito Federal (-99.593). Santa Catarina (+354.350 pessoas), Goiás (+186.827) e Minas Gerais (+106.499) foram os que mais ganharam população por migração, entre 2017 e 2022.
Distrito Federal (-3,53%), Acre (-2,86%) e Amapá (-2,40%) tinham as menores taxas líquidas de migração em 2022, enquanto Santa Catarina (+4,66%), Mato Grosso (2,84%) e Goiás (+2,65%) tinham as maiores.
Tanto o saldo migratório quanto a taxa líquida de migração da Bahia ficaram expressivamente menos negativos, quando comparados com os registrados em 2010 – ou seja, a perda populacional por migração de saída do estado diminuiu de forma significativa no período recente.
Nos cinco anos anteriores ao Censo 2010, a Bahia havia registrado um saldo migratório de -237.134 pessoas e uma taxa líquida de migração de -1,69%. Assim, nos cinco anos anteriores ao Censo 2022, o saldo migratório negativo se reduziu em 82,5%, indo a -41.549 pessoas, e a taxa de migração ficou 1/5 do que era (-0,29%).
Entre 2010 e 2022, Rio de Janeiro sai e Santa Catarina entra no ranking de estados que mais receberam migrantes recentes da Bahia
Quando se trata de migração recente, entre 2010 e 2022, a principal mudança no ranking dos cinco estados que mais receberam pessoas da Bahia foi a saída do Rio de Janeiro do grupo, onde ocupava a 5ª posição pelo menos desde 2000, e a entrada, pela primeira vez, de Santa Catarina.
Em 2022, São Paulo também se manteve como o estado que mais recebeu pessoas da Bahia em fluxos migratórios recentes (112.795). Em seguida vinham Minas Gerais (com 34.064 migrantes da Bahia nos cinco anos antes do Censo), Goiás (26.253 pessoas), Espírito Santo (22.202) e Santa Catarina (20.285 pessoas), onde o número de pessoas vindas da Bahia quase triplicou entre 2010 e 2022.
Cerca de 7 em cada 10 pessoas que deixaram a Bahia entre 2017 e 2022 foram para esses cinco estados: 65,9% dos emigrantes recentes ou 215.599 pessoas.
Por outro lado, entre os estados que mais mandaram população para a Bahia, entre 2017 e 2022, o Rio de Janeiro ganhou posições e ocupou o 3º lugar, com 17.518 migrantes. Ficava abaixo de São Paulo, que sustentou a liderança, como origem de 4 em cada 10 pessoas que se mudaram para a Bahia entre 2017 e 2022 (127.108 migrantes ou 44,5% do total), e de Minas Gerais (com 25.810).
Pernambuco aparecia abaixo do Rio de Janeiro, com o 4º maior número de migrantes recentes para a Bahia (16.075) e o Distrito Federal entrou pela primeira vez nesse ranking, na 5ª posição (com 14.206 migrantes recentes para a Bahia).
Entre 2010 e 2022, número de estrangeiros aumenta 26,0% na Bahia, menor crescimento percentual entre os estados, chegando a 16,7 mil
O número de pessoas estrangeiras que moram no Brasil teve um salto entre os Censos de 2010 e 2022, passando de 592.448 para 1.009.341, num crescimento de 70,3%. Esse movimento, que inverteu a tendência até então verificada, de queda no total de estrangeiros no país, foi influenciado principalmente pela chegada de imigrantes venezuelanos entre os dois últimos Censos.
Na Bahia, o número de estrangeiros também aumentou entre 2010 e 2022, mas numa magnitude bem menor do que nacionalmente e em muitas unidades da Federação. Moravam no estado, em 2022, 16.651 pessoas estrangeiras, 26,0% a mais (mais 3.433 em números absolutos) do que em 2010, quando havia 13.218.
O crescimento percentual da população estrangeira na Bahia foi o menor entre os estados, acima apenas da única queda, registrada no Rio de Janeiro (-22,3%). Rondônia (+2.883,5%), Amazonas (+479,5%) e Santa Catarina (+375,0%) tiveram os maiores aumentos percentuais da população estrangeira, entre 2010 e 2022.
Em termos absolutos o aumento do número de estrangeiros na Bahia foi apenas o 13º entre as 27 unidades da Federação. Roraima (+78,5 mil), São Paulo (+75,7 mil) e Santa Catarina (+66,1 mil) lideraram, enquanto o Rio de Janeiro teve o único recuo (-21,6 mil estrangeiros em 12 anos).
Dentre os estrangeiros residentes na Bahia em 2022, 6 em cada 10 eram homens (10.466 ou 62,9%) e 3 em cada 10 eram idosos, de 60 anos ou mais de idade (5.221 ou 31,4%). Ambas as proporções eram bem maiores do que as verificadas no total da população baiana, onde os homens representavam 48,3%, e os idosos eram 15,3%.
Formosa do Rio Preto (2,1%), Cairu (1,5%) e Palmeiras (1,3%) são os municípios baianos com maiores participações de estrangeiros na população
Em 2022, 3 em cada 10 pessoas estrangeiras que moravam na Bahia estavam em Salvador, que concentrava 5.456 estrangeiros, 32,8% do total do estado. Porto Seguro (1.244), Feira de Santana (778), Ilhéus (708) e Lauro de Freitas (657) eram os outros quatro municípios baianos com maiore números de estrangeiros.
Juntas, essas cinco cidades reuniam pouco mais da metade da população estrangeira na Bahia (53,1% do total ou 8.843 pessoas). Por outro lado, não morava nenhum estrangeiro em 248 dos 417 municípios baianos (59,5% do total).
Embora tenham crescido numericamente, os estrangeiros representavam apenas 0,1% da população baiana e 0,2% da população soteropolitana em 2022.
Os municípios baianos com as maiores participações de pessoas estrangeiras em suas populações eram Formosa do Rio Preto, com 2,1% dos seus moradores estrangeiros (540 em números absolutos); Cairu, com 1,5% de estrangeiros na população (275); Palmeiras, com 1,3% (138); Lençóis, com 0,8% (83); e Porto Seguro, com 0,7% (1.244).
Entre 2017 e 2022, 7.839 pessoas saíram de países estrangeiros para morar na Bahia; 3 em cada 10 vieram da Argentina, Venezuela e Bolívia
Entre os Censos de 2010 e 2022, na contra-mão do que ocorreu no Brasil como um todo, a imigração recente de pessoas vindas de países estrangeiros (fossem elas estrangeiras ou brasileiras que moravam fora do Brasil) diminuiu na Bahia. Também mudou de perfil, no que diz respeito à origem da maior parte desses imigrantes.
De julho de 2017 a julho de 2022, 7.839 pessoas deixaram um país estrangeiro para morar na Bahia. Esse número caiu 11,7% frente ao período entre julho de 2005 e julho de 2010, quando 8.880 pessoas haviam saído de um país estrangeiro para morar na Bahia (o que representou menos 1.041 imigrantes recentes em 12 anos).
No Brasil, a entrada recente de pessoas que moravam em outros países cresceu 70,3%, de 268.291 para 457.003 imigrantes, entre os Censos de 2010 e 2022.
Na Bahia, entre 2017 e 2022, predominou a entrada de pessoas vindas da Argentina (788 ou 10,1% do total de imigrantes), quase idêntica à de pessoas vindas da Venezuela (787, 10,0% dos imigrantes no período). A Bolívia ficou em terceiro lugar, com 572 imigrantes (7,3%). Os países de origem dos maiores contingentes de imigrantes para o estado mudaram frente a 2010, quando Estados Unidos, Portugal e Itália lideravam, respectivamente.
No Brasil como um todo, a maior parte dos imigrantes que entraram no país entre 2017 e 2022 vieram da Venezuela (199.067 ou 43,6% do total).
A maior parte das pessoas vindas da Argentina e da Venezuela para a Bahia ficaram em Salvador (193 e 316 respectivamente). No caso da Argentina, Cairu (81) e Porto Seguro (65) foram os dois outros principais destinos. No caso da Venezuela, Porto Seguro (204) e Capim Grosso (71) vieram depois da capital. Já entre as pessoas vindas da Bolívia, houve uma divisão praticamente igualitária entre as que ficaram em Irecê (61 pessoas) e Salvador (60), seguidas por Euclides da Cunha (40).