Bahia Sem Fome reafirma compromisso com povos indígenas durante abertura do 7° Acampamento Terra Livre
O Governo do Estado marcou presença na abertura da 7ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), na área verde da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), em Salvador.
A mobilização, realizada pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia, o Mupoiba, conta com o apoio do governo.
O evento teve início neste domingo (2) e vai até a próxima quinta-feira (6).
Nesta segunda-feira (3), representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo participaram da mesa de abertura com parceiros indigenistas e lideranças dos mais de 33 povos originários existentes no estado.
Com o tema “Clima e território: dois direitos, uma luta”, o ATL é “um momento de articulação, resistência, espiritualidade e fortalecimento dos povos indígenas”, segundo os coordenadores gerais do Mopoiba, Patrícia Krinsi e Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe.
Ao som dos maracás de mais de mil indígenas presentes na Plenária Jurema, representantes de secretarias estaduais mostraram o apoio e preocupação do governador Jerônimo Rodrigues com relação às pautas indígenas. “Nós temos buscado fortalecer as políticas públicas de agricultura familiar, de combate à fome, de segurança alimentar. E, no nosso Bahia Sem Fome, os povos indígenas são públicos prioritários”, destacou o coordenador geral do programa, Tiago Pereira, durante a mesa de abertura.

Ao lado de lideranças e autoridades, entre eles a superintendente de Políticas para os Povos Indígenas, Patrícia Pataxó Hã Hã Hãe; o deputado estadual Marcelino Galo (PT); secretários de Estado e os coordenadores gerais do Mopoiba, Patrícia Atikum e Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe, Pereira destacou a atenção do Governo do Estado diante das reivindicações dos povos.
“A gente tem clareza que nós não vamos vencer a fome só com distribuição de alimentos, com cozinhas comunitárias, e a gente se irmana nas reivindicações de vocês, porque é importante a demarcação das terras, o reordenamento fundiário, a reforma agrária, para que a gente possa vencer a fome e produzir alimentos com dignidade, com prosperidade e com fortalecimento da vida.”
Direito à alimentação garantido
Eram 11h30 no relógio e um aroma de comida caseira e saborosa já ultrapassava o espaço da cozinha comunitária instalada para atender 1.800 participantes do ATL.
O equipamento, gerenciado por uma organização indígena e apoiado pelo Bahia Sem Fome, distribui refeições diárias durante todos os dias do evento, sendo café da manhã, almoço e jantar.
“A comida tá uma delícia, ontem a gente chegou cedo pra janta”, relata as anciãs Helena Isabel (Atikun), Beatriz Carvalho (Tuxá) e Maria da Conceição (Pankararu).
Elas vieram, respectivamente, das cidades de Chorrochó, Ibotirama e Paulo Afonso. Chegaram ontem a Salvador em caravanas para participar dos quatro dias de articulação.
Foram as primeiras a chegar à fila do almoço, preparado por cozinheiras indígenas, entre elas a Sandra Maria (Pankararu-PE), que refogava na manteiga com alho e cheiro verde o repolho.
Segundo ela, basta uma pitadinha de pimenta do reino e muito amor: “Estamos servindo, no café da manhã, cuscuz, ovo, carne, farofa. Começamos a distribuir a comida às 12h”.
O ATL-BA é reconhecido como o maior espaço de mobilização dos povos indígenas da Bahia. “Mais que um encontro, constitui-se em um território político, cultural e espiritual de afirmação de direitos, de fortalecimento das nossas identidades e de construção coletiva de caminhos para a justiça e a dignidade”, diz o Mupoiba.
De acordo com a reitora da Universidade do Estado da Bahia, Adriana Marmori Lima, que também integrou a mesa de abertura do ATL, atualmente a Bahia possui 233 etnias indígenas registradas em todo o estado.
Segundo informações do Mopoiba, a Bahia é o estado brasileiro que hoje abriga a segunda maior população indígena do país.
São cerca de 280 mil indígenas, dos quais aproximadamente 80 mil vivem em territórios tradicionalmente ocupados, distribuídos em 54 municípios.
Os demais estão presentes nas áreas urbanas dos 417 municípios baianos.
Jornalista: Camila Fiúza


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