Caminho Aberto para o Espírito: a 72ª Semana Espírita de Vitória da Conquista

Quando a alma de uma cidade se manifesta, ela o faz em encontros que transcendem o cotidiano.
Vitória da Conquista tem vivido, ao longo das décadas, uma experiência que vai além da mera rotina religiosa — trata-se da Semana Espírita, que neste ano chega à sua 72ª edição, como uma aurora permanente de reflexão, fé e compromisso com o bem.
“Caminho, Verdade e Vida”, tema escolhido para este ano, não é apenas um título. É um convite.
Mais do que isso: é um chamado ético e espiritual num tempo em que verdades se diluem e os caminhos parecem bifurcar-se em labirintos morais e existenciais.
O evento promovido pela União Espírita de Vitória da Conquista se consolida como patrimônio imaterial da cidade, não por ser apenas uma reunião de fiéis, mas por ser uma escola pública da alma — aberta, plural, e inclusiva.
Cada palestrante, com suas origens diversas e vozes distintas, compõe uma sinfonia do espírito. Gente do Brasil inteiro — estudiosos, médiuns, pensadores — reúnem-se em torno de um ideal que transcende fronteiras e que insiste na tese da esperança, da reencarnação como escola, do amor como método e do trabalho como disciplina moral.
Não se trata apenas de doutrina. É cultura. É filosofia viva. É psicologia em ação. É ética do cotidiano.
A Semana Espírita é também um espelho do espírito nordestino: resiliente, místico, amoroso e faminto de justiça e sentido.
Num Brasil polarizado e adoecido, onde os discursos se tornam armas e a espiritualidade vira mercado, eventos como este reafirmam que há ainda espaços de escuta e de luz.
Que há vozes que não gritam, mas oram. Que há palavras que não ferem, mas curam. Que há fé que não cega, mas liberta.
A Semana Espírita é, portanto, mais do que um evento: é um testemunho de que ainda é possível pensar, sentir e agir sob a luz de um Evangelho vivido — não o da imposição, mas o da compaixão.