Friendzone: Existe mesmo ou é só falta de atração?

Fonte: Izabelly Mendes

O termo “friendzone” já virou quase uma entidade própria na cultura dos relacionamentos modernos.

Presente em memes, conversas de bar, vídeos no TikTok e desabafos nas redes sociais, ele geralmente é usado para descrever uma situação em que uma pessoa nutre sentimentos românticos ou sexuais por alguém que a vê apenas como amiga.

Mas afinal, a friendzone existe mesmo? Ou é apenas uma forma mascarada de lidar com a falta de atração?

O que é a tal da “friendzone”?

A “friendzone” é, teoricamente, um espaço simbólico onde se encontra quem gosta de alguém, mas não é correspondido romanticamente. A pessoa deseja mais do que amizade, mas o outro lado vê essa relação apenas como platônica. É comum ouvir frases como: “ele é legal, mas não sinto química” ou “ela é perfeita, mas só como amiga”.

Em geral, quem se sente “friendzonado” acredita que fez tudo certo: esteve presente, deu atenção, foi gentil — e, ainda assim, não foi escolhido como parceiro. Isso leva à frustração, ao sentimento de injustiça e, muitas vezes, à crença de que “as pessoas só gostam de quem as trata mal”, o que alimenta estereótipos tóxicos sobre o amor e os relacionamentos.

É realmente uma zona… ou uma zona de conforto?

A ideia de friendzone pode esconder, na verdade, uma dificuldade em aceitar que o outro não sente atração. Ninguém deve nada a ninguém só porque foi tratado com carinho. Gentileza e companheirismo não são moeda de troca para romance. Muitas vezes, o que se vê como “friendzone” é apenas uma amizade onde uma das partes esperava algo mais — sem que houvesse reciprocidade.

Além disso, existe uma romantização perigosa da ideia de que “se eu for legal o suficiente, a pessoa vai me amar”. Isso coloca o outro em uma posição de obrigação, como se o afeto fosse uma recompensa por bom comportamento, o que deturpa completamente a essência de uma relação afetiva saudável.

A chave está na atração — e ela não é lógica

A verdade é que a atração não segue regras. Duas pessoas podem ser extremamente compatíveis no papel, mas, ainda assim, não haver desejo. O “clique” que tanta gente busca não é racional: ele envolve cheiro, energia, voz, postura, mistérios inconscientes da mente e do corpo. Não sentir atração por alguém que seria “perfeito” é mais comum do que parece.

Muitas vezes, a pessoa que “friendzona” também sofre por não conseguir corresponder aos sentimentos do outro. Ela pode até reconhecer as qualidades da pessoa apaixonada, mas não consegue forçar uma conexão que simplesmente não acontece.

Friendzone como fuga da rejeição

Em alguns casos, a friendzone é usada como um mecanismo de defesa. Em vez de aceitar a rejeição de forma direta — o famoso “não rola” —, a pessoa cria uma narrativa mais confortável: “fui jogado na friendzone”. É menos doloroso pensar que a culpa está em um sistema injusto do que encarar a vulnerabilidade de não ser desejado por quem se deseja.

Por outro lado, há também quem mantenha o outro preso nesse espaço indefinido por conveniência emocional. Usa-se a amizade como muleta afetiva, recebendo atenção, carinho e presença sem compromisso. Isso sim pode ser um problema — e está mais próximo da manipulação emocional do que da famosa friendzone.

Existe saída da friendzone?

Em alguns poucos casos, sim. Existem relatos de pessoas que começaram como amigos, um se apaixonou, o outro resistiu, mas depois os papéis se inverteram. Mas isso é exceção, não regra. Apostar todas as fichas esperando que o outro um dia enxergue algo mais pode ser emocionalmente desgastante — e até injusto consigo mesmo.

Quando o sentimento não é recíproco, o melhor caminho geralmente é seguir em frente. Isso não significa romper a amizade, mas sim ajustar as expectativas e se permitir estar disponível para quem deseje te amar do jeito que você merece: de forma inteira, verdadeira e correspondida.                               agenda31

Conclusão: friendzone ou só falta de química?

No fim das contas, a “friendzone” existe mais como um conceito cultural do que como um espaço real. Ela é, muitas vezes, um reflexo da dificuldade que temos em lidar com a rejeição e da ilusão de que amor pode ser conquistado apenas com esforço e dedicação. A verdade é simples — mas nem sempre fácil de aceitar: se a pessoa não sente atração, não há relação romântica possível.

E tudo bem. Rejeição não é derrota. É redirecionamento. A pessoa certa vai gostar de você exatamente como você é, sem precisar de esforço, de scripts ou de estratégias. Vai ser leve, mútuo, e recíproco — sem zona nenhuma no meio.