Mulheres da Rede oferece formação com foco no gênero, justiça climática e tecnologia

Texto e imagem: Marina Marcondes – Jornalista, Agência Todas

Curso on-line “Formação de Multiplicadoras em Cultura Digital” é composto por 10 aulas, que acontecem de 4 de novembro a 4 de dezembro, e objetiva fortalecer a presença feminina na universo da tecnologia

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a
relação entre tecnologia, justiça climática e participação social ganha cada vez mais relevância. A
agenda reforça a urgência em disseminar conhecimentos sobre os impactos das tecnologias nos
territórios brasileiros.


Somado a isto, no país onde apenas 17% das pessoas formadas em cursos de Computação e
Tecnologia da Informação são mulheres — e menos de 10% das jovens, entre 15 e 29 anos,
consideram seguir carreira na área —, torna-se cada vez mais necessário incentivar a participação
feminina no setor para que ele se torne mais diverso e representativo.

Atento a esse cenário, o projeto Mulheres de Rede, em parceria com o Ministério das Mulheres,
oferece o curso gratuito e virtual “Formação de Multiplicadoras em Cultura Digital”. A iniciativa
busca reverter a disparidade de gênero no campo da tecnologia.


Com carga horária total de 20 horas, a formação será realizada de 4 de novembro a 4 de dezembro,
sempre às terças e quintas, das 19h às 21h (horário de Brasília), e é voltada para mulheres de todo o
país.
Durante um mês, as participantes terão aulas sobre Cultura Digital; Segurança e Cuidados Digitais;
Inteligência Artificial; Gênero e Tecnologia; Desinformação e Checagem de Notícias com
Perspectiva de Gênero; Justiça Climática; Cibercultura como Base das Ações Sociais; Participação
Social no Digital: Tecnologias Digitais e Transparência de Dados; e Conselho Ancestral da Cultura
Digital.

Os temas também reforçam a urgência de capacitar meninas e mulheres com conhecimentos e
habilidades que lhes permitam navegar com segurança e autonomia no ambiente digital, tanto no
trabalho quanto no lazer e nos estudos.


Vale destacar que as mulheres representam menos de 12% dos cargos de liderança em empresas de
tecnologia no país e recebem, em média, 20% a menos que os homens na mesma função técnica.

De
acordo com a Unesco, apenas 31% das pesquisadoras atuam nas áreas de ciência, tecnologia,
engenharia e matemática (STEM).

A formação é gratuita, oferece certificado e tem como objetivo estimular o desenvolvimento de
habilidades para a criação de projetos e ações locais.

Ao final, as multiplicadoras estarão aptas a difundir o conhecimento adquirido e promover iniciativas de inclusão digital e cidadania on-line, tornando a internet um espaço mais justo, democrático e igualitário para as mulheres.

O curso acontece há dois anos e já formou centenas de mulheres do Brasil.

Aberta a mulheres de 16 a 106 anos, curiosas e interessadas em explorar o universo tecnológico, a
formação será transmitida ao vivo e contará com gravações disponíveis na plataforma EAD.

Professoras renomadas no campo da tecnologia


A formação, que já passou pelo Rio Grande do Sul, reunirá importantes nomes do cenário da
tecnologia no Brasil:
● Introdução à Cultura Digital – Livia Ascava, CEO da hacklab/, atua desde 2005 em projetos e
coletivos de Cultura Digital. Sua empresa fortalece há 15 anos o mercado de software livre
no Brasil.
● Segurança e Cuidados Digitais – Ingrid Fernande, midiáloga formada pela Unicamp e
especialista em automação e jornalismo de dados pelo Insper.
● Inteligência Artificial – Horrara Moreira, pesquisadora, advogada e educadora popular,
mestranda em Direito da Regulação pela FGV.
● Gênero e Tecnologia – Mari Tamari, jornalista, pesquisadora e co-diretora executiva da
Coding Rights, atua desde 2004 na intersecção entre comunicação, tecnologia e justiça
social.
● Desinformação e Checagem de Notícias com Perspectiva de Gênero – Géssika Costa,
jornalista e coordenadora de projetos na Associação de Jornalismo Digital (Ajor), fundadora
do Olhos Jornalismo.
● Justiça Climática – Evelyn Gomes, diretora do LabHacker e idealizadora do Observatório Caso
Braskem.
● Cibercultura como Base das Ações Sociais – Caru Schwingel, jornalista, produtora cultural,
doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA) e pós-doutora em Fotônica e
Novas Mídias (Mackenzie/SP).
● Participação Social no Digital: Tecnologias Digitais e Transparência de Dados – Haydée Svab,
engenheira e mestre em Planejamento de Transportes (Poli-USP), especialista em
Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG).
● Conselho Ancestral da Cultura Digital – Beá Tibiriçá, ex-coordenadora do Fórum Paulista de
Participação Popular e do Governo Eletrônico na Prefeitura de São Paulo.

Mulheres de Rede participará da COP30


Como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido nos últimos dois anos na promoção da formação
feminina no campo da tecnologia, o projeto Mulheres de Rede participará da Conferência das
Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém (PA),
de 10 a 21 de novembro.


A mesa “Do Subsolo à Nuvem” ocorrerá no dia 10/11, às 18h (horário de Brasília), na Casa das
ONGs, e abordará temas como letramento digital e gênero.

O debate integra a programação sobre Governos Locais, Ciência, Tecnologia e Inteligência Artificial.
Evelyn Gomes, do LabHacker – Laboratório Brasileiro de Cultura Digital, representará o Mulheres de
Rede ao lado de integrantes da Escola de Ativismo (EA), do Laboratório de Políticas Públicas e
Internet (LAPIN), do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), do Instituto Nupef,
do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) e da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA).