Na Bahia, 1,1 milhão de pessoas têm alguma deficiência: Censo IBGE

Na Bahia, 1,1 milhão de pessoas têm alguma deficiência, 6 em cada 10 delas são mulheres, e dificuldade de enxergar é a mais comum

** Em 2022, 1.093.719 pessoas tinham alguma deficiência na Bahia, 4º maior contingente do país. Elas representavam 7,9% da população de 2 anos ou mais de idade, a 9ª maior proporção entre os estados;

** Na Bahia, 6 em cada 10 pessoas com deficiência, em 2022, eram mulheres (57,2%, ou 626.031);

** Salvador tinha o 4º maior número de pessoas de 2 anos ou mais com alguma deficiência (172.620), mas só a 14ª maior proporção entre as capitais (7,3%);

** Almadina (15,8% da população de 2 anos ou mais com deficiência), Santa Inês (13,9%) e Várzea do Poço (12,9%) eram, em 2022, os municípios baianos com os maiores percentuais de pessoas com deficiência. Almadina ficava com o 15º lugar dentre todos os municípios brasileiros;

** Ocorrência de deficiência cresce com a idade e atinge 2 em cada 10 pessoas de 60 anos ou mais e 4 em cada 10 pessoas de 80 anos ou mais, na Bahia;

** Na Bahia e em Salvador, 1 em cada 10 indígenas tinha alguma deficiência, maior proporção por cor ou raça da população;

** Dificuldade de enxergar é a mais comum, atingindo mais da metade das pessoas com deficiência na Bahia; dificuldade de ouvir é a menos frequente;

** Na Bahia, a taxa de analfabetismo das pessoas com deficiência (31,5%) é o triplo da registrada entre as pessoas sem deficiência (9,8%) e a frequência à escola é menos da metade (11,0% e 25,8% respectivamente);

** Em 2022, 7 em cada 10 pessoas de 25 anos ou mais de idade com deficiência, na Bahia, eram sem instrução ou não tinham concluído o ensino fundamental;

** Essas e outras informações são reveladas pelos resultados do Censo Demográfico 2022 sobre pessoas com deficiência;

** O tema deficiência foi pesquisado pelo Censo no questionário da amostra, aplicado em cerca de 10% dos domicílios brasileiros. Posteriormente, os dados foram expandidos estatisticamente, para representar o total da população;

** Embora dados sobre deficiência sejam levantados pelos Censos desde 1991, as informações de 2022 não são comparáveis com as anteriores, em virtude, sobretudo, de mudanças na forma de pesquisar, da inclusão e modificação de perguntas e do recorte para a população de 2 anos ou mais de idade. Todas as alterações foram implementadas para contemplar as orientações internacionais mais atuais a respeito de um assunto cuja investigação está em constante evolução;

** Conheça e explore todos os dados do Censo 2022 no site
https://censo2022.ibge.gov.br/panorama.

O Censo Demográfico mostrou que, em 2022, na Bahia, 7,9% da população de 2 anos ou mais de idade tinham alguma deficiência

Isso significa que 1.093.719 pessoas, no estado, tinham grande dificuldade ou não conseguiam de modo algum enxergar; e/ou ouvir; e/ou andar ou subir degraus; e/ou pegar pequenos objetos, abrir e fechar tampas de garrafas – em todos os casos mesmo usando aparelhos de auxílio -; e/ou tinham dificuldade permanente para se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar, estudar etc.

Quarto estado mais populoso do país, a Bahia também tinha a 4ª maior população com deficiência, abaixo de São Paulo (2.755.978 pessoas, ou 6,3% dos habitantes de 2 anos ou mais), Minas Gerais (1.472.199, 7,3%) e Rio de Janeiro (1.160.784, 7,4%). 

No Brasil como um todo, 7,3% da população de 2 anos ou mais de idade tinham alguma deficiência em 2022, o que representava 14.400.869 pessoas.

Em termos percentuais, a participação das pessoas com deficiência na população baiana de 2 anos ou mais de idade (7,9%) era a 9ª mais alta entre as unidades da Federação. Os nove estados do Nordeste lideravam em proporção de pessoas de 2 anos ou mais com deficiência, encabeçados por Alagoas (9,6% ou 291.546 pessoas), Piauí (8,3% ou 297.694) e Pernambuco (8,9% ou 788.647). Os menores percentuais, por sua vez, estavam em Roraima (5,6% ou 34.316 pessoas), Mato Grosso (5,7%, 202.822) e Santa Catarina (6,0% ou 447.842 pessoa de 2 anos ou mais).

Na Bahia, assim como no Brasil e em todas as unidades da Federação, a ocorrência de deficiência era maior entre as mulheres. Elas representavam 6 em cada 10 pessoas com alguma deficiência no estado: 57,2%, ou 626.031 em números absolutos. Dentre as mulheres baianas de 2 anos ou mais de idade, 8,8% tinham alguma deficiência; entre os homens, a proporção era 7,0% (que equivaliam a 467.688 pessoas). 

Salvador tem o 4º maior número de pessoas com alguma deficiência (172.620), mas só a 14ª maior proporção entre as capitais (7,3%)

Em Salvador, o Censo identificou 172.620 pessoas com alguma deficiência em 2022, o que equivalia a 7,3% da população de 2 anos ou mais de idade. Quinta capital mais populosa, Salvador tinha o 4º maior número de pessoas com deficiência num ranking encabeçado por São Paulo/SP (719.261, ou 6,4% da população de 2 anos ou mais), Rio de Janeiro/RJ (422.607, 6,9%) e Fortaleza/CE (205.474, 8,6%). 

Já em termos de participação das pessoas com deficiência no total da população de 2 anos ou mais, Salvador ficava apenas com o 14º percentual entre as 27 capitais (7,3%). Maceió/AL (9,4% ou 87.305 pessoas), Natal/RN (8,7% ou 64.300,) e Fortaleza/CE (8,6% ou 205.474) lideravam. No outro extremo, Palmas/TO (5,3% ou 15.631 pessoas com deficiência), Curitiba/PR (5,4% ou 94.181) e Florianópolis/SC (5,5% ou 29.301) tinham as menores proporções de pessoas com deficiência.

Foram identificadas pessoas com deficiência em todos os 417 municípios baianos, sendo que, em 6 de cada 10 cidades (60,0% do total ou 250), a proporção delas na população de 2 anos ou mais era igual ou superior à verificada no estado (7,9%). 

Almadina (15,8% da população de 2 anos ou mais com deficiência, ou 812 pessoas), Santa Inês (13,9% ou 1.406 pessoas) e Várzea do Poço (12,9% ou 1.023 pessoa) tinham, em 2022, os maiores percentuais de pessoas com deficiência. 

Almadina era o 15º município brasileiro com maior proporção de pessoas de 2 anos ou mais com deficiência, num ranking liderado por Malhada dos Bois/SE (18,1%), Antônio Martins/RN (17,8%) e Novo Tiradentes/RS (17,1%). 

Além de Salvador, os outros dois municípios mais populosos da Bahia, embora liderassem também em números absolutos de pessoas com deficiência, tinham proporções mais baixas: Feira de Santana (com 41.614 pessoas com deficiência, ou 6,9% da população de 2 anos ou mais) e Vitória da Conquista (26.683 ou 7,4%).

No outro extremo, os menores percentuais de população de 2 anos ou mais de idade com deficiência, entre os municípios baianos, estavam em Nordestina (4,1%, equivalente a 737 pessoas), Catolândia (4,2% ou 139 pessoas, menor número absoluto) e Luís Eduardo Magalhães (4,2% ou 4.352).

Em 382 dos 417 municípios baianos (91,6% do total), as mulheres eram mais numerosas do que os homens entre as pessoas com deficiência – inclusive em Salvador, onde 108.105 mulheres tinham alguma deficiência, representando 62,6% do total. Na capital baiana, a prevalência de deficiência entre mulheres (8,4% da população feminina de 2 anos ou mais tinham alguma deficiência) era bem maior do que entre os homens (6,0% ou 64.515).

Ocorrência de deficiência cresce com a idade e atinge 2 em cada 10 pessoas de 60 anos ou mais e 4 em cada 10 pessoas de 80 anos ou mais, na Bahia

A participação das pessoas com deficiência na população aumenta conforme a idade avança, quase se multiplicando por 10 entre a infância e a velhice. 

Em 2022, na Bahia, 2,4% das pessoas de 2 a 14 anos tinham alguma deficiência. Essa proporção subia um pouco, para 3,7%, entre as que tinham de 15 a 29 anos; dobrava e ia a 7,4% entre os adultos de 30 a 59 anos; e dava um salto para 22,1% entre as pessoas idosas, de 60 anos ou mais de idade (2 em cada 10). 

Neste grupo, enquanto 18,4% dos idosos de 60 a 79 anos tinham alguma deficiência, entre os de 80 anos ou mais de idade, a proporção subia para 41,1% (4 em cada 10).

No Brasil como um todo e em Salvador, as realidades eram muito parecidas, como mostra o gráfico a seguir.

Na Bahia e em Salvador, 1 em cada 10 indígenas tem alguma deficiência, maior proporção por cor ou raça da população 

Na Bahia, em 2022, a proporção de pessoas de 2 anos ou mais de idade com alguma deficiência era maior entre os indígenas (considerando a soma de quem se declarou indígena no quesito cor ou raça e na pergunta “Você se considera indígena”), grupo ético no qual 1 em cada 10 pessoas (12,1%) tinha deficiência (27.570).

Em seguida, vinham as pessoas de cor preta de 2 anos ou mais de idade, entre as quais 8,6% tinham alguma deficiência (267.118 em número absolutos). A proporção de pessoas com deficiência era de 8,4% entre as brancas (224.045) e de 7,7% entre as que se declaravam amarelas (1.198 asiáticas ou descendentes). Os pardos tinham a menor proporção de pessoas com deficiência no estado (7,5%), mas reuniam o maior contingente de população nessa condição (592.575).

Em Salvador, as duas maiores proporções de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência também estavam entre as indígenas (11,5% ou 3.377) e as pretas (7,8% ou 63.094). Em seguida, vinham as pessoas pardas (7,1% das quais tinham deficiência, ou 83.058, o maior número absoluto), as brancas (6,5% ou 25.553 com deficiência) e, por último, as amarelas, com os menores percentual (5,4%) e número absoluto (129) de pessoas de 2 anos ou mais com deficiência.

No Brasil como um todo, por sua vez, a maior proporção de pessoas com deficiência estava entre as pretas (8,6%), seguidas pelas indígenas (7,9%), as pardas (7,2%), as brancas (7,1%) e, por último, as amarelas (6,6%).

Dificuldade de enxergar é a mais comum, atingindo mais da metade das pessoas com deficiência na Bahia; dificuldade de ouvir é a menos frequente

Dentre as cinco dificuldades funcionais investigadas pelo Censo Demográfico no tema deficiência, a mais comum, informada com mais frequência, na Bahia, no Brasil e em Salvador, foi a de enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato.

No estado, 594.932 pessoas tinham grande dificuldade ou não conseguiam de modo algum enxergar, o que representava 4,3% do total da população de 2 anos ou mais de idade e 54,4% das que tinham alguma deficiência. Em seguida, vinham as pessoas que tinham grande dificuldade ou não conseguiam de forma alguma andar ou subir degraus:382.655, que representavam 2,8% da população de 2 anos ou mais e 35,0% das pessoas com deficiência. 

As frequências das outras três dificuldades ficavam bem próximas: 1,5% da população baiana de 2 anos ou mais não conseguia se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar ou estudar (18,9% das pessoas com deficiência); 1,4% não conseguia pegar pequenos objetos ou abrir e fechar tampas de garrafas (18,1% das pessoas com deficiência); e 1,3% da população do estado tinha grande dificuldade ou não conseguia ouvir (16,3% das pessoas com deficiência). 

O gráfico abaixo traz a proporção da população de 2 anos ou mais de idade por tipo de dificuldade funcional informada no Brasil, na Bahia e em Salvador.

A soma de cada dificuldade ultrapassa a proporção das pessoas que têm alguma deficiência porque uma mesma pessoa pode ter mais de uma dificuldade funcional

Isso ocorria com 3 em cada 10 pessoas com deficiência tanto na Bahia (26,6% das pessoas com deficiência, ou 290.460, tinham duas ou mais dificuldades funcionais), quanto no Brasil (27,5% ou 3.967.001) e em Salvador (26,9% ou 46.363).

Taxa de analfabetismo das pessoas com deficiência (31,5%) é o triplo das sem deficiência (9,8%) e frequência à escola é a metade (11,0% e 25,8%)

A inclusão das pessoas com deficiência passa, em boa parte, pelo acesso à educação. Mas em 2022, na Bahia, elas estavam em franca desvantagem e enfrentavam desigualdades significativas frente às pessoas sem deficiência, no que diz respeito aos principais indicadores educacionais. 

No estado, 3 em cada 10 pessoas de 15 anos ou mais de idade com deficiência não eram alfabetizadas, ou seja, não sabiam ler nem escrever um bilhete simples: 31,2%, que representavam 322.605 pessoas. 

taxa de analfabetismo das pessoas com deficiência, na Bahia, era pouco mais que o triplo daquela para pessoas sem deficiência: 9,8%. 

A desigualdade também era grande no país como um todo, onde 21,3% das pessoas de 15 anos ou mais com deficiência não eram alfabetizadas, quatro vezes a taxa de analfabetismo das pessoas sem deficiência (5,2%).

A taxa de analfabetismo tem relação com um histórico de obstáculos no acesso à educação, mas, mesmo no presente, as pessoas com deficiência frequentam muito menos creche/escola/universidade do que as que não têm deficiência. 

Na Bahia, a taxa de escolarização, ou a proporção de pessoas de 6 anos ou mais de idade que frequentam escola, é de 11,0% para aquelas com deficiência, menos da metade da verificada para as sem deficiência (25,8% delas frequentam escola). 

No Brasil, a diferença é bem parecida: 11,1% das pessoas com deficiência estão na escola, frente a 25,4% das sem deficiência. 

O fato de boa parte das pessoas com deficiência serem mais velhas, fora da idade escolar, pode contribuir para uma menor taxa de escolarização dessa população, mas, mesmo na análise por grupos de idade, ela tem indicadores, via de regra, piores. 

Na Bahia, entre as pessoas de 6 a 14 anos de idade com deficiência, 92,3% estavam na escola, frente a 98,6% dentre aquelas sem deficiência. Na faixa etária seguinte, 15 a 17 anos, as taxas eram, respectivamente, 79,1% e 86,0%. Entre as pessoas de 18 a 24 anos, havia uma equivalência: 27,7% das com deficiência frequentavam escola/universidade frente a 27,2% das sem deficiência. Na população de 25 anos ou mais de idade, 4,2% das pessoas com deficiência frequentavam escola/universidade frente a 5,6% das pessoas sem deficiência. 

Na Bahia 7 em cada 10 pessoas de 25 anos ou mais de idade com deficiência são sem instrução ou nem chegaram a concluir o ensino fundamental

O menor acesso à educação tem entre suas consequências um nível de instrução mais baixo para a população com deficiência. 

Na Bahia, em 2022, 7 em cada 10 pessoas de 25 anos ou mais de idade com deficiência não tinham instrução ou, quando haviam frequentado a escola, não tinham sequer concluído o ensino fundamental: 70,1% ou 669.530 pessoas. Entre as pessoas adultas sem deficiência, 41,4% tinham esse nível de instrução mais baixo.

Por outro lado, no estado, enquanto 45,9% das pessoas de 25 anos ou mais de idade sem deficiência haviam concluído o ensino básico (ensinos fundamental e médio), a proporção caía a menos da metade entre as pessoas com deficiência, das quais 20,7% tinham pelo menos o ensino médio completo (197.142 em números absolutos).

Já o ensino superior havia sido concluído por 12,9% das pessoas adultas sem deficiência e por apenas 4,4% das pessoas adultas com deficiência, na Bahia.