O eixo psicológico como ponto de partida para o sucesso empresarial
Luis Amorim*
Existe uma crença no mercado — muito difundida através de cursos, palestras e workshops — de que todo e qualquer empresário quer (e pode) alcançar seus ‘muitos milhões’ e comandar equipes com mais de 100 colaboradores.
Promessas vendidas com entusiasmo, quase sempre embaladas por discursos sobre mentalidade de crescimento, escalabilidade e cases de sucesso meteóricos.
E isso, induz muitos empresários a seguirem um caminho cada vez mais comum — e perigoso: o da sobrecarga, do esgotamento e da frustração, mesmo com negócios que aparentemente vão bem.
Após atender inúmeros empresários e organizações, percebi algo que raramente é discutido com a mesma ênfase: muitos desses empresários, especialmente os que estão na faixa dos 50 anos ou mais, não estão mais sonhando com crescimento desenfreado e estruturas megalomaníacas.
E não porque perderam o ‘espírito empreendedor’, mas porque suas prioridades mudaram.
Calma, antes que essa introdução soe como um convite ao comodismo — ou até mesmo a desistir da leitura —, vale explicar melhor.
Sim, todo empresário quer ter lucro, retorno pelo esforço e bons colaboradores ao seu lado.
Mas existe algo que vem antes disso tudo, e que muitas vezes está completamente fora do radar das consultorias tradicionais: o eixo psicológico.
Em termos mais diretos e coloquiais: ter a cabeça no lugar.
O que muitos desses empresários realmente desejam hoje é paz psicológica, relacionamentos saudáveis e retorno financeiro que não custe sua saúde ou seu tempo de vida.
Por mais que tenham energia e paixão pelo que fazem, a verdade é que, com o tempo, o corpo e a mente pedem ajustes.
As demandas que antes eram estimulantes, hoje se tornam desgastantes.
Muitas das situações que o faziam ter paciência lá atrás revelam a falta dela nos dias de hoje.
E aqui está o ponto central: não adianta investir em finanças, processos ou marketing se o próprio empresário está desorganizado por dentro.
Você pode até aumentar as vendas, mas sem processos eficientes e uma mente estruturada, isso só gera mais estresse.
Pior: há um risco real de entrar em um ciclo vicioso de sobrecarga, que mina a energia e afasta o empresário daquilo que mais importa.
Como mostram tradições como a medicina ayurvédica, os quatro pilares da saúde integral — sono, alimentação, exercício e silêncio — são sistematicamente negligenciados pelos empresários que vivem sob pressão constante.
Dormem mal, se alimentam de qualquer jeito, não têm momentos reais de descanso mental e seguem acumulando pequenas urgências que jamais se encerram.
Neste cenário, esperar que a empresa funcione com excelência é uma ilusão.
E a solução não está apenas em técnicas de produtividade ou novas ferramentas de gestão, mas em um reposicionamento radical: olhar para si mesmo como o primeiro sistema que precisa ser equilibrado.
O marketing, por exemplo, pode até gerar demanda — mas se não houver estrutura interna, isso vira mais peso.
Os processos podem estar desenhados — mas sem energia e clareza para executá-los, eles viram burocracia.
As finanças podem até estar no azul — mas se o empresário está emocionalmente no vermelho, não há número que resolva.
Por isso, o eixo psicológico não é um luxo, é pré-requisito.
Antes de ser empresário, você é ser humano. E ser humano exige manutenção. Cuidar do corpo, da mente e das emoções não é um capricho moderno, mas uma medida de gestão empresarial séria.
Se quisermos construir empresas saudáveis e duradouras, precisamos começar por dentro.
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