O futuro dos influenciadores de realidade aumentada

Fonte Izabelly Mendes

O mundo do marketing digital está passando por uma transformação silenciosa, mas extremamente poderosa: a ascensão dos influenciadores de realidade aumentada.

Se antes a internet era dominada por celebridades, blogueiros e criadores de conteúdo humanos, agora personagens digitais — alguns tão realistas que chegam a confundir o público — começam a ocupar o mesmo espaço e disputar a atenção de milhões de seguidores.

Essa revolução levanta perguntas profundas: até que ponto esses avatares podem substituir pessoas reais?

E como eles vão impactar o futuro da comunicação, da publicidade e até das relações sociais?

De personagens digitais a estrelas globais

Os influenciadores virtuais não são exatamente novidade.

Personagens como Lil Miquela, Shudu ou Imma já mostraram que há espaço para figuras digitais conquistaram legiões de fãs.

Mas o salto mais recente, impulsionado pela realidade aumentada e pela inteligência artificial generativa, está levando esses avatares a outro patamar.

Hoje, eles não apenas aparecem em posts estáticos ou vídeos editados: já podem interagir em tempo real com seguidores, responder perguntas, criar narrativas personalizadas e até participar de transmissões ao vivo com humanos.

Esse avanço tecnológico transforma simples criações gráficas em “personalidades digitais” capazes de gerar engajamento orgânico comparável — ou até superior — ao de influenciadores de carne e osso.

O carisma é programado, o estilo é ajustado para cada público e, ao contrário dos humanos, eles não precisam dormir, comer ou envelhecer.

O atrativo para as marcas

O mercado publicitário vê nesses influenciadores virtuais uma oportunidade de ouro. Afinal, eles oferecem vantagens difíceis de ignorar:

  • Controle total da imagem: um avatar não corre o risco de se envolver em escândalos, mudar de opinião de repente ou gerar crises de reputação.
  • Disponibilidade 24/7: podem estar presentes em várias campanhas simultaneamente, em diferentes países e idiomas.
  • Personalização infinita: podem ser moldados para atender demandas culturais específicas, respeitando tradições e estilos locais sem perder a identidade global.

Essa combinação cria um cenário em que marcas internacionais conseguem explorar campanhas altamente segmentadas, utilizando o mesmo influenciador virtual com versões adaptadas a diferentes regiões.

Um avatar pode ser mais “ocidentalizado” na Europa e América, ao mesmo tempo em que assume traços mais próximos da cultura japonesa ou latino-americana em outros mercados.

O impacto na experiência do consumidor

Com o avanço da realidade aumentada, os influenciadores virtuais não ficarão restritos a telas. Eles estarão presentes em ambientes híbridos, como shoppings, eventos ou até na sua própria casa, por meio de óculos e aplicativos de RA.

Imagine entrar em uma loja e ser recebido por uma influenciadora virtual que você já segue no Instagram, ou pedir dicas de moda em tempo real a uma personagem que mistura estética futurista com conhecimento técnico programado.

Além disso, a interatividade proporcionada pela RA tornará a relação mais imersiva.

Esses avatares poderão acompanhar os consumidores em experiências gamificadas, participar de lives conjuntas com artistas reais e até se tornar assistentes pessoais de confiança, misturando entretenimento e utilidade.

Desafios e dilemas éticos

Apesar do potencial gigantesco, esse fenômeno também traz desafios importantes. A primeira questão é a autenticidade.

Já existe um debate intenso sobre filtros de beleza, edição de imagens e publicidade disfarçada em perfis reais.

Quando a figura nem sequer é humana, a linha entre verdade e ficção pode se tornar ainda mais nebulosa. Isso pode gerar rejeição, caso o público perceba que está sendo manipulado por algo “artificial demais”.

Outro ponto é a substituição do humano. Muitos influenciadores de carne e osso dependem dessa atividade como fonte de renda.

Se marcas passarem a investir cada vez mais em avatares, uma parcela significativa de criadores pode se ver marginalizada.

Surge, então, a discussão sobre até que ponto é saudável para a economia criativa substituir talentos reais por modelos digitais controlados por empresas.

Há também o aspecto psicológico.

O apego a influenciadores digitais pode criar novas formas de ilusão e dependência emocional.

Se hoje já existem fãs que idolatram pessoas que nunca conheceram, como será quando essas “pessoas” não forem nem reais?

O equilíbrio entre real e virtual

O futuro dos influenciadores de realidade aumentada não será, necessariamente, de substituição completa dos humanos.

O mais provável é a convivência de ambos os mundos. Criadores reais continuarão sendo valorizados por sua autenticidade, histórias pessoais e vulnerabilidades — elementos que geram identificação.

Já os avatares digitais ganharão espaço em áreas onde a precisão, a escala e o controle da narrativa forem mais importantes.

Nesse cenário híbrido, podemos ver colaborações inéditas: influenciadores humanos dividindo campanhas com parceiros virtuais, shows que unem artistas reais e personagens digitais no mesmo palco e até comunidades online lideradas por figuras inteiramente criadas em 3D.

Uma revolução inevitável

Seja qual for o caminho, a presença dos influenciadores de realidade aumentada é irreversível.

Eles representam não apenas uma nova forma de marketing, mas também um reflexo da evolução da própria sociedade, cada vez mais acostumada a viver entre o físico e o digital.                 

O que está em jogo não é apenas a publicidade, mas a redefinição do conceito de identidade e influência. Em breve, talvez não importe se o seu ídolo favorito é humano ou virtual — o que vai importar é a capacidade de emocionar, inspirar e criar conexões genuínas, ainda que por meio de um código de programação.  Baixar video Instagram

O futuro, portanto, não será apenas humano ou digital: será híbrido, imersivo e moldado pela criatividade sem limites que a tecnologia nos permite explorar.