Por que você sempre escolhe o mesmo tipo de pessoa?

Você já se pegou pensando por que, mesmo após diferentes relacionamentos, parece estar sempre se envolvendo com o mesmo tipo de pessoa?
O cenário muda, o nome é outro, mas o padrão emocional se repete.
As atitudes, os conflitos e até os desfechos se assemelham como se fossem partes de um ciclo vicioso. Essa repetição não é mera coincidência — ela revela padrões internos inconscientes que moldam suas escolhas afetivas.
A raiz está dentro, não fora
Antes de olhar para fora e culpar a falta de sorte ou a escassez de “boas opções”, é necessário voltar o olhar para si mesmo. A repetição de padrões no amor quase sempre está ligada a questões emocionais não resolvidas, muitas vezes vindas da infância. Somos influenciados pelos primeiros modelos de amor que vivenciamos, principalmente o vínculo com nossos cuidadores. Se fomos ensinados, por exemplo, que amor vem acompanhado de insegurança, rejeição ou necessidade de provar valor, é provável que procuremos (mesmo sem perceber) pessoas que despertem esses mesmos sentimentos.
O conforto do conhecido
Pode parecer contraditório, mas o desconforto pode ser familiar. Quando crescemos em ambientes instáveis emocionalmente, relacionamentos turbulentos se tornam aquilo que conhecemos como “normal”. Assim, mesmo desejando algo diferente — um amor leve, seguro e recíproco —, o inconsciente pode nos atrair para relações semelhantes às que vivemos no passado. É o que chamamos de zona de conforto emocional: não é prazerosa, mas é conhecida, e isso dá uma falsa sensação de controle.
Crenças limitantes sobre amor
Outro fator que contribui para a repetição de padrões são as crenças que carregamos sobre o que é amar e ser amado. Se você acredita que precisa se sacrificar para ser valorizado, pode acabar se envolvendo sempre com pessoas que exigem demais e oferecem pouco. Se acredita que precisa “consertar” alguém para merecer carinho, vai se atrair por quem tem grandes feridas emocionais. Essas crenças são como filtros invisíveis que determinam por quem nos sentimos atraídos.
A ilusão da mudança do outro
Um dos enganos mais comuns é achar que, desta vez, vai ser diferente. Que a nova pessoa, embora parecida com as anteriores, vai mudar. Esse pensamento reforça a repetição. O problema é que, ao esperar que o outro mude, negligenciamos nossa própria responsabilidade: mudar nossa forma de amar, nossos limites e nossa percepção sobre o que realmente merecemos.
A química emocional
Existe ainda a chamada “química emocional”, que está ligada a feridas emocionais mal curadas. Às vezes, sentimos uma conexão forte e imediata com alguém, mas essa atração intensa pode ser um sinal de alerta, não de destino. Ela pode indicar que a pessoa ativa nossos gatilhos emocionais — rejeição, abandono, humilhação — e, inconscientemente, tentamos reviver essas feridas para, quem sabe, consertar o passado. O problema é que isso raramente acontece e o ciclo de dor se repete.
Como quebrar esse padrão?
O primeiro passo é tomar consciência do padrão. Observar suas relações passadas com honestidade e tentar identificar o que se repete: comportamentos, sentimentos, dinâmicas. Depois, é essencial trabalhar o autoconhecimento. Terapia, leitura, reflexões profundas e até conversas sinceras com pessoas de confiança podem ajudar nesse processo.
A mudança começa quando você entende que merece viver relações diferentes, e que para isso precisa fazer escolhas diferentes. Significa aprender a se ouvir, a respeitar seus próprios limites e a não ignorar sinais vermelhos em nome da paixão ou da carência. É sair do modo automático e passar a se relacionar com mais consciência, mais presença e mais amor-próprio.
Um novo olhar sobre o amor
Escolher diferente exige coragem. Coragem para se afastar do que é familiar e aprender a gostar do que é saudável, mesmo que no início pareça estranho. É um processo de reconstrução interna que, aos poucos, te conecta com pessoas que vibram na mesma frequência emocional — mais maduras, respeitosas e dispostas a construir algo real.
Em resumo, você não está preso(a) a repetir para sempre os mesmos erros. Mas a mudança começa em você. E quando você muda por dentro, seu olhar muda. E com um novo olhar, você começa a se apaixonar por coisas que antes não chamavam sua atenção — inclusive por pessoas que antes você nem notaria, mas que têm exatamente o que você precisa: paz, respeito e reciprocidade.
Talvez o problema nunca tenha sido “escolher errado”, e sim escolher sem se conhecer. Porque quando você se conhece de verdade, não aceita menos do que merece.