Relacionamentos calmos: por que você pode estar viciada na montanha-russa emocional

Fonte Izabelly Mendes

Você conhece alguém que sempre se envolve em relacionamentos intensos, cheios de idas e vindas, brigas seguidas de reconciliações apaixonadas, e muita carga emocional? Talvez essa pessoa seja você.

E quando, por algum acaso, surge alguém gentil, estável, que te trata com respeito e constância, bate aquele tédio? É comum rejeitar esse tipo de relação mais tranquila sem nem entender bem o motivo.

Mas por que isso acontece? Por que relacionamentos calmos muitas vezes nos parecem “sem graça”? A resposta pode estar ligada a um vício comportamental e emocional: o vício na montanha-russa emocional.

A montanha-russa emocional

Relacionamentos turbulentos são marcados por altos e baixos intensos. Num momento você está vivendo uma paixão avassaladora, no outro está imersa em discussões, inseguranças, desconfianças ou sentimentos de abandono. Essas flutuações provocam picos de dopamina e adrenalina — neurotransmissores ligados ao prazer e à excitação. Esse tipo de estímulo emocional é viciante. O cérebro começa a associar amor a intensidade, instabilidade e até sofrimento.

É por isso que, ao encontrar alguém equilibrado e emocionalmente disponível, seu sistema nervoso pode estranhar. Você sente falta do drama, do frio na barriga, da urgência de resolver conflitos. O relacionamento calmo não ativa os mesmos picos químicos — o que leva muitas pessoas a confundirem paz com falta de amor.

O trauma pode ensinar que o caos é familiar

Muitas vezes, quem busca (ou atrai) esse tipo de relação caótica teve experiências familiares instáveis. Crescer em ambientes onde amor e dor se misturavam — com pais ausentes, abusivos, instáveis ou emocionalmente imprevisíveis — pode moldar a crença de que o afeto sempre vem acompanhado de sofrimento.

Assim, ao entrar em contato com um relacionamento saudável, o subconsciente grita: “isso não é amor, está faltando alguma coisa!”. E o que está “faltando” é justamente o que nos faz mal.

Paz não é tédio — é segurança

Aprender a diferenciar calmaria de monotonia é um passo importante. Um relacionamento calmo não é sinônimo de falta de emoção, e sim de estabilidade emocional. Nele, existe espaço para diálogo, respeito, carinho contínuo e previsibilidade — e isso pode ser muito poderoso. O verdadeiro amor cresce no terreno da segurança, não do caos.

Quando você para de buscar adrenalina e começa a valorizar a constância, percebe que o amor maduro não é feito de explosões, e sim de presença, cuidado e comprometimento diário. A química continua existindo, mas ela não é regida pelo medo de perder ou pelo drama do “vai e volta”.

Como quebrar o ciclo do vício emocional

  1. Reconheça o padrão: O primeiro passo é admitir que existe uma repetição nos tipos de relacionamentos que você escolhe. Pergunte-se: por que me atraio por pessoas que me desestabilizam?
  2. Busque terapia: Muitas vezes, esse padrão está enraizado em experiências antigas e precisa ser trabalhado com ajuda profissional.
  3. Permita-se a paz: Quando alguém calmo entrar na sua vida, não fuja. Dê tempo para que a conexão cresça. O início pode parecer “sem emoção”, mas isso pode ser justamente o que seu coração precisa.
  4. Reeduque seu sistema emocional: Aprenda a se sentir confortável com a estabilidade. Troque o “frio na barriga” por acolhimento, troca sincera e afeto contínuo.
  5. Trabalhe sua autoestima: Relacionamentos caóticos frequentemente alimentam a sensação de “preciso conquistar”, “preciso provar meu valor”. Já em um relacionamento calmo, você é valorizado por quem é, e não pelo que faz para manter alguém por perto.

O amor tranquilo também pode ser intenso

É hora de mudar a narrativa: intensidade não precisa andar de mãos dadas com instabilidade. Relacionamentos calmos também têm paixão, desejo, conexão e entrega — só que sem o peso das brigas, das incertezas e da constante ansiedade. Eles não são mornos. São profundos. São reais.  Sugar daddy

Se você está acostumada com a montanha-russa, descer pode parecer estranho no início. Mas, com o tempo, você vai perceber que o solo firme oferece algo que nenhuma volta radical consegue oferecer: paz. E amar com paz é um dos maiores prazeres da vida adulta emocionalmente saudável.