Uso de anabolizantes em academia

Duas pessoas estão internadas há um mês por uso de anabolizante em Conquista.
Dono de academia diz que produtos não são usados no estabelecimento.

 As duas pessoas que continuam internadas após uma tentiva de aumentar os músculos com o uso de anabolizantes, em Vitória da Conquista, ainda correm o risco de ter partes do corpo amputadas.

Segundo a médica Bianca Oliveira, as lesões são graves. O casal está internado no Hospital São Vicente. “Enquanto houver lesões grandes como as deles, extensas, há risco, sim, de evoluir com perda”, explica. Não há previsão de alta médica.

Segundo Raul Filho,  proprietário da academia, o uso dos produtos não é permitido na academia. Ele disse que o filho, suspeito de ter feito as aplicações, afirmou que foi procurado. “Ele falou que as meninas procuram ele para aplicar. Eu perguntei: você aplicou? Ele respondeu: ‘Painho, eu não sei, fica quieto'”, afirma.

Uma mulher de 22 anos pode perder as duas pernas e parte das nádegas enquanto um homem de 20 anos pode ficar sem uma parte de um dos braços. A veterinária Nágila Prates orienta que a medicação que foi utilizada nas injeções é para animais. “Não existe nenhuma indicação dessa medicação, que é exclusiva para uso veterinário, não pode ser usado por pessoas, por humanos”, esclarece.

Agravante

Segundo a médica que acompanha os casos, a situação se agravou ainda mais por causa das condições em que a substância foi aplicada. “O quadro se instalou de maneira mais grave pela falta de higiene, pela falta de técnica na aplicação, pela infecção e evoluiu com grau de necrose por infecção por bactérias”, informou a médica Bianca Oliveira.

Uma das substâncias usadas, de nome Ade, pode ser facilmente encontrada em lojas de produtos veterinários. A vitamina é geralmente usada em bois e vacas e pode causar sérios problemas em humanos. De acordo com o veterinário Franklin Dantas, não existe legislação que proíba a venda sem receita. “Infelizmente, os órgãos ainda não regulamentaram esse produto para ser uma venda retida com receita. Então, qualquer pessoa que chegar aqui dizendo que quer usar no animal dele nós temos a total liberação para vender esse  produto”, explicou.

Segundo Edvan Gomes, instrutor de academia, na busca pelo corpo perfeito, as pessoas recorrem aos anabolizantes. “Isso é uma droga proibida no Brasil e muitos desses anabolizantes são de uso veterinário”, afirmou.

Uma pessoa da família de uma das vítimas, que preferiu não se identificar, falou sobre a situação. “Após 35 dias de internamento, hoje, eu só tenho realmente que agradecer aos médicos que estão acompanhando a minha irmã e, principalmente, a Deus e às orações de todos. Se não fosse por isso, minha irmã estaria morta”, contou.

Um dos três jovens que foram internados em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, após complicações decorrentes do uso de anabolizantes, contou à polícia que a aplicação do produto ilegal foi feita dentro de uma academia da cidade.

Segundo a polícia, após receber alta, o rapaz denunciou o dono do estabelecimento, assim como seu filho, apontado como responsável pela aplicação das drogas. Os suspeitos negaram as acusações.  “Eles já foram ouvidos nos procedimentos que foram instaurados. Porém, nenhum deles assume a autoria”, explicou Jaqueline Santos, delegada responsável pelo caso.

De acordo com a delegada, a vítima contou, em depoimento, que o filho do proprietário da academia teria apresentado e aplicado a vitamina ADE, utilizada para bois e cavalos, sem apresentar os riscos para a saúde humana.

Após a aplicação, o jovem contou que sentiu dores nas pernas imediatamente, que se agravou e o levou a ficar oito dias internado em um hospital da cidade. A polícia aguarda a melhora e a alta médica dos jovens que ainda estão internados para dar prosseguimento às investigações.

Internamentos
Dois jovens que ainda estão internados correm o risco de perder partes dos corpos depois de usar o anabolizante. Eles estão no hospital há cerca de um mês por causa dos efeitos da substância, que foi aplicada de forma irregular em uma academia de ginástica.

Um instrutor teria aplicado o anabolizante em quatro jovens que malhavam na mesma academia. Dois outros jovens procuraram atendimento e foram liberados. Segundo a médica que acompanha os casos, a situação se agravou ainda mais por causa das condições em que a substância foi aplicada. “O quadro se instalou de maneira mais grave pela falta de higiene, pela falta de técnica na aplicação, pela infecção e evoluiu com grau de necrose por infecção por bactérias”, informou a médica Bianca Oliveira.

Uma pessoa da família de uma das vítimas, que preferiu não se identificar, falou sobre a situação. “Após 35 dias de internamento, hoje, eu só tenho realmente que agradecer aos médicos que estão acompanhando a minha irmã e, principalmente, a Deus e às orações de todos. Se não fosse por isso, minha irmã estaria morta”, contou.