Governo: mais de 1.200 casos suspeitos de microcefalia
Monitoramento mapeia doentes em 13 Estados e no DF; não há confirmação de que todos os casos estejam ligados ao zika vírus
O Ministério da Saúde informou nesta segunda-feira, 30, a existência de 1.248 casos suspeitos de microcefalia no País identificados em 311 municípios de 13 estados e no Distrito Federal. Desse total, há o registro de sete mortos.
Durante a apresentação de dados atualizados sobre o surto de microcefalia, o Ministério da Saúde informou que o Instituto Evandro Chagas constatou que uma das sete vítimas fatais teve resultado positivo para o zika vírus: um recém-nascido no Ceará com diagnóstico de microcefalia.
A constatação é importante por ser a primeira ligação de morte relacionada ao zika vírus no mundo, demonstrando semelhança com a dengue. O zika vírus é transmitido pela picada do Aedes aegypti, também transmissor da dengue e do chikungunya.
O Ministério alerta, no entanto, que não há confirmação sobre a relação entre todos os 1.248 casos e o zika vírus, uma vez que pode se tratar da taxa natural de casos de microcefalia em cada Estado.
Próximos passos
A partir da constatação de que há ligação entre o surto de microcefalia na região Nordeste e o zika vírus as pesquisas deverão avançar, conforme o Ministério da Saúde, para a forma de transmissão, a atuação do vírus no organismo, a infecção do feto e o período de maior vulnerabilidade para a gestante.
Os outros seis casos de óbito, cinco no Rio Grande do Norte um no Piauí, estão sendo investigados para a identificação da causa da morte.
A microcefalia é uma má formação congênita na qual o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. São diagnosticados com microcefalia os bebês nascidos com o diâmetro cefálico menor que o considerado normal, geralmente acima de 33 centímetros. Em cerca de 90% das microcefalias estão associadas a problemas de desenvolvimento mental.
A maior parte dos casos de microcefalia registrados até o momento está em Pernambuco (646 casos). Em seguida estão Paraíba (248), Rio Grande do Norte (79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Rio de Janeiro (12), Tocantins (12), Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1).
Combate ao transmissor
Diante do aumento do número de casos, o subsecretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Antônio Nardi, alerta que o mais importante a ser feito é combater e exterminar o Aedes aegypti transmissor do zika vírus e da dengue.
“O único meio de controle é combater o vírus e o vetor, e não deixa-lo nascer. Se o mosquito da dengue pode matar ele não pode nascer”, disse.
Ao atualizar os dados do surto de microcefalia, o Ministério da Saúde voltou a reforçar a mobilização nacional no combate ao Aedes aegypti envolvendo também agentes dos estados e dos municípios afetados.
O diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch (foto), enumerou os cuidados que as famílias devem ter em casa e nas proximidades de suas residências, evitando o acúmulo de água em vasos, baldes, pneus, copos, bacias.
“Provavelmente conviveremos com esse problema por algum tempo. Não há medida que interrompa abruptamente a transmissão da doença. Intensificar as medidas já conhecidas é que pode reduzir a densidade de vetores nas cidades brasileiras”, afirmou.
As autoridades da saúde informaram ainda que as marcas de repelentes comercializadas no País podem ser usadas pelas gestantes na prevenção à picada do mosquito, conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Diante da situação, a presidência da República determinou a convocação de um grupo estratégico interministerial de emergência em saúde pública. Esse grupo envolve 19 órgãos para a formulação de um plano nacional de combate ao vetor transmissor.